I SÉRIE — NÚMERO 103
30
Transformar a violência de género numa arma de combate político não é, repito, o nosso caminho. Há
matérias como esta, da violência contra as mulheres, que deveriam continuar a ser preservadas da mera tática
política. Somos, naturalmente, livres de promover todos os modelos de debate que o Regimento da
Assembleia nos permite, não está em causa a legitimidade das nossas escolhas, mas, quando fazemos
escolhas, temos de estar preparados para o que virá a seguir e o que virá a seguir, se não houver sensatez,
pode ser a radicalização de posições, que não contribuirá, seguramente, para alcançarmos as melhores
soluções. É, do ponto de vista do Governo, um risco que não compensa.
Sabemos bem que a situação desta violência com uma profunda marca de género, que vitima
maioritariamente as mulheres, é persistente, resiste há muitos anos ao esforço de muitas pessoas e é por isso
que nunca lhe demos tréguas, nem nunca lhe daremos.
Assim, queria, neste final de debate, salientar o seguinte: continuaremos as ações de prevenção e de
sensibilização sobre todas as formas de violência previstas na Convenção de Istambul, tal como, aliás, o Plano
Nacional em vigor prevê em 18 das suas medidas; continuaremos a investir na educação — e está já em curso
um conjunto de medidas nesta área, conforme há pouco referenciei e pedi distribuição em concreto à Sr.ª
Deputada Heloísa Apolónia, que suscitou o tema; faremos em 2014 uma nova investigação sobre as decisões
judiciais em processos de homicídio conjugal e realizaremos, durante a vigência do V Plano, um novo inquérito
à vitimação; continuaremos a investir na formação; a nova ficha de avaliação de risco utilizada pelas forças de
segurança e o novo manual de procedimentos, que foram elaborados em concertação e em trabalho conjunto
com a Universidade do Minho e com a Procuradoria-Geral da República, permitirão uma mais rigorosa
avaliação do perigo em que as vítimas se encontram.
Quero, a este respeito, aproveitar para cumprimentar o Sr. Subintendente Hugo Guinote que acompanha
este debate e que teve um papel fundamental, juntamente com os dirigentes da GNR, quer na formatação
quer na aplicação desta ficha de avaliação, que está a permitir às forças de segurança uma formação mais
sólida e permitirá, no futuro, uma melhor avaliação do risco das vítimas.
O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade: — Acrescento, ainda, que
aprofundaremos as medidas de proteção e de integração das vítimas de todas as formas e que o sistema de
teleassistência terá, até ao final de 2014, pelo menos, 300 aparelhos disponíveis e terá mais, se necessário se
revelar.
Adaptaremos o programa para agressores de violência doméstica ao meio prisional, como está previsto,
aliás, no Plano Nacional; continuaremos a implementação da ação de saúde sobre género, violência e ciclo de
vida, elaborado em 2013 no Serviço Nacional de Saúde, desenvolvendo as respostas especializadas para as
vítimas de agressões sexuais, de acordo com as orientações já definidas na ação aprovada pelo Ministério da
Saúde, que tem tido um articular empenho em passar de uma intervenção de mero tratamento das lesões a
uma intervenção preventiva e formativa na área da saúde.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade: — Iniciaremos, em setembro,
o novo programa A escola vai à casa-abrigo, que levará às mulheres acolhidas novas competências que
facilitem o processo de autonomização e a sua integração social; apoiaremos financeiramente, através das
verbas dos jogos sociais, todos os projetos que reforcem o acolhimento de emergência e não deixaremos
morrer nenhum projeto essencial às políticas públicas em curso.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Secretária de estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade: — Este é um combate de
muitos anos em que o País está envolvido e em que se registaram já avanços muito relevantes.
Ao contrário do que se tem dito por aí, nunca as vítimas de violência doméstica tiveram tantos apoios, nem
nunca o País teve tanta consciência da gravidade da prática deste crime.