9 DE JULHO DE 2014
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A Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade: — Estão na lei!
A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — … ou a de os casamentos forçados serem inseridos no quadro legal
do tráfico de seres humanos.
Também não vou discutir aqui as posições do Grupo Parlamentar do Partido Socialista sobre os crimes que
vão ter acolhimento na nossa ordem jurídica e que estão a ser objeto de um estudo profundo num grupo de
trabalho de que honro de fazer parte e, portanto, não vou trazer para aqui esse debate estando esse grupo de
trabalho a decorrer.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — Queria apenas dizer que ser mulher é um risco acrescido e o risco
aumenta, evidentemente, numa situação de crise, numa situação em que o País regista 1 milhão de pobres,
numa situação em que prestações sociais importantes são cortadas.
Queria, sobretudo, apelar a que todos nós, hoje, passássemos a mensagem de que este debate, que é
importante no Plenário e fora do Plenário, não é um debate de alarme.
Aplausos do PS.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Guilherme Silva.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Anjinho.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Secretária de Estado, Srs. Secretários de Estado,
Sr.as
e Srs. Deputados: Em nome da serenidade que este tema exige, dirijo-me, em particular, à Sr.ª Deputada
Helena Pinto para lhe responder de uma forma muito breve: dignidade do Plenário, naturalmente que sim;
urgência, naturalmente que não.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Por isso, faz-se silêncio!
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Perceberá, com serenidade, o que lhe vou dizer. Sabe porquê?
Porque a urgência do debate lança a dúvida sobre a eficácia das medidas e do esforço público e coloca as
vítimas desconfiadas perante até a eficácia das próprias instituições públicas. É em relação a isto que os Srs.
Deputados deveriam ter pensado.
Sr.ª Deputada, urgência em relação aos números dos homicídios, naturalmente que sim. Mas sim, hoje,
como ontem, como no passado presente ou longínquo. Era apenas isto que lhe queria dizer.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Faço uma outra precisão em relação à Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia ter dito que «tudo tinha a ver com tudo». Naturalmente que sim, pois falamos de violência de género.
A violência de género não se esgota na violência doméstica. Se toda a violência doméstica é uma forma de
violência de género, a verdade é que a violência de género vai muito para além da violência doméstica.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Isto para dizer que, em teoria, poderíamos falar de todas as matérias
da pasta da igualdade, o que é, naturalmente, impossível na prática. Como tal, questiono, novamente, o
propósito e a eficácia deste debate.
No entanto, vou centrar as minhas últimas palavras no que diz respeito à violência doméstica, porque não
há como negar a precedência da violência doméstica em todas estas questões. Em privado ou em público,