I SÉRIE — NÚMERO 103
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importante para uma série de categorias que desenvolvem trabalho de risco e de insalubridade, como o
senhor bem sabe.
Os senhores vão cortar noutros suplementos fundamentais. Já deram garantias a algumas categorias,
nomeadamente às forças de segurança e à autoridade tributária, mas aos outros não deram porque os
senhores vão fazer cortes por esta via da tabela única de suplementos. A vossa visão é apenas cortar e cortar
sempre aos mesmos e elegeram como bodes expiatórios os funcionários públicos.
Cortam a uns para depois dizer que há outros que são privilegiados e cortam aos outros e vão fazendo
sempre esta sequência. Na prática, está clara a vossa marca ideológica: os cortes são sempre no valor do
trabalho, os cortes são sempre para os debaixo e é esta a vossa marca.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Isso é totalmente falso!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — De facto, esta proposta traz uma inovação: corta mais, atinge os bolseiros
e as pessoas a recibo verde. E, curiosamente, este mês, que era de reposição, vieram dizer que para esses
não havia reposição, nomeadamente para os trabalhadores a recibo verde. Existem dois pesos e duas
medidas: quando é para cortar, não é transitório, é permanente e para todos; quando é para repor, utilizam
poderes discricionários.
Portanto, Sr. Secretário de Estado, a pergunta que se impõe hoje é: afinal, qual é o impacto financeiro
destes seus cortes permanente/transitórios?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Relembro aos Srs. Deputados de que na Sala D. Maria está a
decorrer a eleição para um membro da CADA e suplentes. Não se esqueçam de votar.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Michael Seufert.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Nesta
fase do debate, que já vai tarde,…
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Não vai!…
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — … diria que era importante perceber que estamos a falar de um País
como o nosso que trabalha no domínio da realidade e não no domínio da ficção ou no domínio dos nossos
desejos.
Também vale a pena recordar que, hoje, estamos numa situação mais agradável do que em maio de 2011,
quando estávamos a perspetivar a bancarrota, o incumprimento e aquilo que alguns partidos ainda hoje
defendem, a saída desorganizada do euro. Hoje, estamos a enfrentar o crescimento económico, o aumento do
emprego e o otimismo dos nossos credores de cujo financiamento continuaremos a depender enquanto
tivermos défices públicos.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Nem a bancada do CDS acredita nisso!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Acredita, acredita!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Também julgo importante referir que as contas públicas sãs e
responsáveis são não só boas para os nossos credores, de quem dependemos, são sobretudo positivas para
os cidadãos, para as atuais e as futuras gerações, que merecem um Estado e um Governo que não se
endivide galopantemente, colocando o País numa situação como a que já tivemos quando o Partido Socialista
estava no Governo.
É bom que essa situação não volte a acontecer. É bom para os credores mas é sobretudo bom para os
cidadãos e para aqueles que dependem do Estado.