I SÉRIE — NÚMERO 103
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nosso ordenamento jurídico, uma norma que não existe, uma norma que não pode produzir efeitos! Mas lá
vamos andando assim…
Agora, nesta proposta de lei, como se trata de cortar salários, o Governo já inclui os recibos verdes. Ou
seja, quando é para cortar, o Governo considera os recibos verdes; quando se trata de devolver o Governo
não considera os recibos verdes! Sr. Secretário de Estado, o que é isto?! Há aqui alguma coisa que não bate
certo! Era bom que o senhor também nos dissesse algo sobre isso.
Sr. Secretário de Estado, já agora, pergunto-lhe o que vai acontecer às pessoas que estão a recibos verdes
se esta proposta de lei não chegar a ver a luz do dia? De resto, até o Governo tem dúvidas, porque apela à
fiscalização preventiva. O que vai acontecer a essas pessoas e o que vai acontecer também ao seu despacho
que aclara o acórdão do Tribunal Constitucional?
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Conceição
Bessa Ruão.
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr.ª e Srs. Secretários de
Estado, público e comunicação social aqui presente: Não há nenhum Governo que sinta qualquer prazer em
apresentar legislação que preconize reduções salariais.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — Repito: não há nenhum Governo que goste de fazer cortes
salariais.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Parece!
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — São sempre situações limite, com interesses igualmente sempre
conflituantes que o determinam. É o caso da presente proposta de lei que aqui hoje é apresentada, a qual,
numa primeira dimensão do seu objeto, define as reduções remuneratórias para os trabalhadores da função
pública e a sua aplicação com caráter transitório.
A sua natureza transitória ganha consistência quando, de imediato, são definidos o tempo e o modo em
que se opera a reversão dos mesmos cortes. Aliás, tudo vindo na linha de pensamento que o Secretário-Geral
do Partido Socialista, Dr. António José Seguro, assumiu quando afirma que não poderá nunca repor
integralmente, de imediato, os cortes salariais, antes faseadamente.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Com a assunção de que serão integralmente repostos até 2019, cumpre alguns pressupostos
determinantes perante todos aqueles que têm de os suportar.
Não podemos deixar de referir que o quase contínuo aumento dos vencimentos para os trabalhadores da
função pública, que foi há anos interrompido, legitima uma expectativa da sua reposição num prazo tão breve
quanto possível.
Porém, não podemos ignorar que a necessidade absoluta da consolidação orçamental não começou nem
terminará com o fim do resgate.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Srs. Membros do
Governo: No passado, como hoje, as reduções remuneratórias que o Governo aqui apresenta são feitas em
conformação com princípios que eram adequados em 2011 para as reduções então verificadas, e, nas
dificuldades surgidas, tenta encontrar e proceder dentro de um padrão que faz o justo balanceamento entre a