9 DE JULHO DE 2014
9
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr.ª Secretária de Estado: Quero começar
por saudar o Bloco de Esquerda pela oportunidade do debate e dizer que as vossas preocupações são as
nossas preocupações, e não são de hoje, são as nossas históricas preocupações.
O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Elza Pais (PS): — O PS disse sempre «presente» à Convenção e ao combate a todas as formas de
violência de género, incluindo a violência doméstica.
O PS ousou medidas de política; o PS trouxe soluções inovadoras que ainda hoje são uma referência e são
destacadas internacionalmente. Não vou enumera-las todas, mas não posso deixar de referir que o PS disse
«presente» e esteve na linha da frente quando se definiu este tipo de crime como crime público.
O PS esteve presente e na linha da frente quando se definiu um novo tipo legal de crime, alargando o
conceito aos «ex», onde hoje acontecem a grande maioria dos homicídios conjugais, como muito bem está
provado em estudos que são feitos sobre esta matéria e tenho o privilégio de ser autora de um deles.
O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Elza Pais (PS): — O PS disse «presente» e esteve na linha da frente quando aprovámos a lei da
prevenção e proteção das vítimas e esteve na linha da frente,…
Protestos da Deputada do PSD Mónica Ferro.
… sim, Sr.ª Deputada, fazendo uma mudança paradigmática: vigilância eletrónica, teleassistência,
programa de tratamento de agressores. É uma mudança paradigmática porque deixámos de colocar sempre a
tónica nas vítimas e passámos a deslocar a intervenção para os agressores, como indicam as novas e
modernas políticas de combate à violência doméstica.
O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Quando o Governo refere e faz gáudio da vigilância eletrónica, da teleassistência
— e bem! —,…
O Sr. José Magalhães (PS): — E bem! E bem!
A Sr.ª Elza Pais (PS): — … esquece-se de dizer que foi o Governo anterior que, de uma forma
absolutamente inovadora, introduziu estas medidas em Portugal. Na altura, eram apenas dois países,
Espanha e Portugal, e hoje, no quadro da Europa, são muito poucos a ter medidas inovadoras deste género.
Nesta lei de 2009, havia um outro projeto, o dos grupos de ajuda mútua, que, entretanto, caíram. Gostava
de perguntar à Sr.ª Secretária de Estado por que é que caíram estes grupos de ajuda mútua, que eram
estruturas onde as vítimas, num trabalho de grupo, podiam construir a sua própria autonomia para romper o
infernal ciclo da violência. E estes grupos são grupos de prevenção do homicídio conjugal. Falta de
financiamento? Há verbas que foram canalizadas, e bem, dos jogos para o combate à violência doméstica,
aliás, um projeto que também já tinha sido iniciado no Governo anterior e que este Governo, e bem,
concretizou.
O Sr. José Magalhães (PS): — Não o abortou!
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Não está tudo feito, como diz a Deputada Cecília Honório, também concordamos,
não está tudo feito. Há um mundo de coisas para fazer.
Mas, apesar disto, há uma questão sobre a qual temos de nos interrogar. É que, havendo estas políticas de
continuidade que, desde 2000, de uma forma estruturada (e os dados dão conta disto) não têm parado, que