I SÉRIE — NÚMERO 103
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A Sr.ª Helena Pinto (BE): — É isso, sim, Sr.ª Deputada! É isso, sim senhora, não vale a pena fugir à
questão!
Aplausos do BE.
Por isso, lamento profundamente que a bancada do PSD, do CDS e o Governo tenham encarado este
debate com uma alergia que não se entende.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Por isso, Sr.as
Deputadas, vamos voltar ao essencial. E o essencial é que muito se tem feito — e a Sr.ª
Secretária de Estado disse que o que se fez não cabe nesta intervenção, e é verdade, sim, mas parou aí —
mas este debate é, sobretudo, para falar do que falta fazer.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Digam o que falta fazer! Digam!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — É que muito tem sido feito — e todos colaborámos para isso, Sr.as
Deputadas,
nesta Assembleia da República, não vale a pena dizer que não—, tanto foi feito, mas as mulheres continuam a
morrer. É este o sinal que aqui queremos dar.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Digam o que falta fazer! Digam!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — E como o tempo é pouco, Sr.ª Secretária de Estado e Sr. Secretário de
Estado, gostaria de dizer que importante era centrarmo-nos todos naquilo que, de facto, hoje, é extremamente
preocupante, que é o grau de severidade da violência que é exercida sobre as mulheres. Temos visto isso em
relação aos últimos homicídios, a forma como os agressores atuam, entrando pelo local de trabalho da mulher
e esfaqueando-a — é isto que se passa. Aliás, basta ler a entrevista que a psicóloga da Polícia Judiciária deu
ao semanário Expresso, uma entrevista perfeitamente elucidativa, onde ela caracteriza os agressores e,
sobretudo, caracteriza a questão do homicídio conjugal como sendo a segunda forma mais representativa de
homicídio que temos no nosso País.
Ora, isto deveria fazer soar todos os sinais de alerta. E não me parece nada despropositado que o
Parlamento reflita sobre esta questão, que a discuta e diga que está errado.
Aproveitando a presença do Sr. Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna,
gostaria de dizer-lhe que também era importante que o Ministro da Administração Interna ou o Sr. Secretário
de Estado viessem mais vezes a público condenar a violência e que, sempre que uma mulher fosse
assassinada, dessem sinal de vida sobre essa matéria.
O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — É que isso seria um sinal para as forças policiais e também para toda a
sociedade — e isso pode ser feito.
Assim como gostaria que a PSP deixasse de fazer leilões de armas apreendidas. Arma apreendida é arma
destruída, não é arma para reentrar no mercado por outra via, uma via legal. Era bom que o Governo adotasse
estes métodos positivos e começasse também a dar sinais efetivos da nossa condenação à violência sobre as
mulheres.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é de Os Verdes.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.