9 DE JULHO DE 2014
13
Para o PCP, é incontestável a necessidade de intervir ao nível dos valores éticos e culturais que continuam
a marcar comportamentos e atitudes, e não é menos verdade que esse combate não terá sucesso se não for
acompanhado por uma ação governativa que combata as causas e fatores que persistem em colocar as
mulheres numa situação de vulnerabilidade económica e social a este fenómeno: a pobreza, o desemprego, a
precariedade, a exclusão do acesso a direitos básicos, os fatores psicossociais, porque aprofundam as
desigualdades e atacam as pessoas nos seus mais elementares direitos.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do Bloco de Esquerda.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: O debate
de hoje é um debate muito importante. Por isso, Sr.ª Secretária de Estado Teresa Morais, as minhas primeiras
palavras terão de ser de espanto perante a reação da Sr.ª Secretária de Estado em relação à realização deste
debate.
Este debate não foi proposto para fazer o balanço, este debate não foi proposto para que se façam ajustes
de contas, este debate foi proposto para que em Plenário se discutisse a situação da violência contra as
mulheres. Esta é que é a questão.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
E, Sr.ª Deputada Teresa Anjinho, tenho que lhe dizer: podem fazer-se perguntas, conferências, audições,
visitas, mas o assunto não pode subir ao Plenário da Assembleia da República?!
Protestos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — A título de urgência?!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.as
Deputadas, calma! Vamos com serenidade.
Sr.as
Deputadas e Sr.ª Secretária de Estado Teresa Morais, qual é o modelo de debate neste Parlamento
que não é confrontacional? Diga-me, Sr.ª Deputada!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Pode ser de confronto ou pode ser de convergência, depende do rumo que o
debate levar.
E, infelizmente, a Sr.ª Secretária de Estado não quis seguir o rumo para encontrarmos as saídas.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Prejudicam a causa com as vossas declarações na comunicação
social.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Secretária de Estado, ninguém aqui põe em causa todo o trabalho que foi
feito, que não é só do seu Governo. Todo o trabalho que tem sido realizado é do seu Governo, é dos
anteriores governos, é da Assembleia da República, também. Aquilo que hoje aqui trouxemos foi um sinal
público a toda a sociedade, um sinal público às mulheres que são vítimas, mas também um sinal público a
todos aqueles e aquelas que todos os dias lutam contra a violência doméstica. Estamos a dizer-lhes: nós
estamos preocupados. Este assunto merece a dignidade do Plenário da Assembleia da República!
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Não é isso que está em causa!