I SÉRIE — NÚMERO 4
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Afinal, o PS tinha razão e a maioria PSD/CDS ficou em estado de choque, que, aliás, prolongou nos
corredores. Com efeito, não tinha sido, dizia, para esta desautorização pública que agendaram um debate de
atualidade. Foi a cereja no cimo do bolo para um problema que ainda não foi resolvido.
Um exemplo: neste momento, o Governo tenta tapar os lugares vagos existentes trocando de escolas os
docentes mal colocados. Apesar de colocados indevidamente na BCE (Bolsa de Contratação de Escola),
esses docentes estão a ser mandados para ocupar lugares noutras escolas e com isso a impedir que esses
mesmos docentes — que deveriam ter sido colocados — fiquem com os lugares que lhes pertencem. Não é
uma forma leal de esconder tamanho erro.
Como se isso não fosse suficiente, o Primeiro-Ministro, pelos motivos conhecidos, introduziu na opinião
pública a ideia de que se poderia ir embora. Nada pior para um Governo do que uma instabilidade ao mais alto
nível. Nada pior para o País do que um Governo perdido na confusão dos seus dias.
Ora, podendo até compreender, sinceramente, que num primeiro momento a memória de anos não
estivesse ativa, já não é tão fácil aceitar que decorridos estes dias a mesma não tivesse sido recuperada
através de esforço pessoal e voluntário.
O Primeiro-Ministro é um cidadão com responsabilidades acrescidas e se ninguém deve ver o seu bom
nome posto em causa, muito menos um Primeiro-Ministro deve sujeitar-se a isso. É, assim, necessário que o
próprio, rapidamente, venha dilucidar as dúvidas existentes e resta saber, mais uma vez, se o Sr. Presidente
da República tem agora melhor informação e continua a pensar que no País está tudo bem.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado, tem cinco inscrições para formularem perguntas, a saber: Srs.
Deputados Luís Montenegro, do PSD, António Filipe, do PCP, Cecília Honório, do BE, Nuno Magalhães, do
CDS-PP, e José Luís Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. Deputado José Junqueiro já informou que pretende responder um a um, pelo que dou desde já a
palavra ao Sr. Deputado Luís Montenegro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado José Junqueiro, todos ouvimos com muita
atenção a declaração política que acabou de proferir. Percebemos que tenha andado a tergiversar sobre
vários assuntos, terminando querendo insinuar, mais uma vez, algumas coisas relativamente ao Sr. Primeiro-
Ministro, mas já lá vou.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Mas, sobretudo, há uma ausência que não pode deixar de ser notada: a
declaração política do Partido Socialista fala de tudo menos daquilo que é o centro da ação política do Partido
Socialista hoje, que é o seu debate interno e as ideias que podem dimanar desse debate para ajudar a
resolver os problemas do País. Sobre isso, nem uma palavra, embora possamos perceber porquê, a julgar
pelas demonstrações que têm sido dadas pelos dois candidatos a Primeiro-Ministro por parte do Partido
Socialista.
Aliás, ainda ontem foram bem evidenciadas num debate que considero deprimente do ponto de vista
político, que não prestigia os dois candidatos, não prestigia o PS,…
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
…mas, sobretudo, não prestigia a política, porque a essência da política não é que os seus agentes façam
ataques pessoais uns aos outros, a essência da política é que os políticos digam às pessoas, aos destinatários
da sua ação, aquilo que entendem ser as suas soluções para resolver os seus problemas. E sobre isso zero!
Protestos do Deputado do PS João Galamba.