25 DE SETEMBRO DE 2014
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A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado José Junqueiro, quero saudá-lo pela
importância dos temas que aqui trouxe, na sua declaração política, destacando a crise que se vive em dois
dos mais importantes pilares do sistema democrático. Estamos a falar do sistema de justiça, estamos a falar
do direito fundamental de acesso ao direito e aos tribunais e estamos a falar da educação, da turbulência que
se viveu na escola pública, com todos os problemas, nomeadamente as falhas na colocação de professores.
São problemas muito graves, pelo que fez bem em trazê-los a debate. E fez bem, também, do nosso ponto de
vista, em retomar esta saga do «perdoem-me».
É facto que a Sr.ª Ministra da Justiça, perante um sistema praticamente paralisado, perante tribunais e
operadores de mãos atadas, aquilo que fez, em vez de anunciar medidas urgentes e um plano b para resolver
todos os problemas, foi dizer: «Desculpem lá! Desculpem lá este transtorno».
É facto que o Sr. Ministro da Educação, perante a instabilidade criada nas escolas, perante a angústia de
pais e mães, perante as crianças, que não sabiam muito bem qual iria ser a sua vida, perante a angústia
tremenda de professores e professoras, injustiçados de várias formas, nomeadamente com os erros de
colocação do Sr. Ministro da Educação, pelos quais ele é responsável, o que fez foi dizer: «Desculpem lá este
mau jeito».
Ainda hoje estamos à espera de uma solução, ainda hoje se aguarda pelas soluções para a justiça e para a
educação, e eles já pediram desculpa há dois ou três dias.
Porventura, estaremos ainda à espera de um pedido de desculpas do Primeiro-Ministro — logo veremos —,
mas o nosso ponto de vista é este: a responsabilidade é a de um esclarecimento urgente desta matéria. Não
nos chegará se o Primeiro-Ministro vier aqui, um dia, dizer: «Desculpem lá o mau jeito, mas eu, afinal, até me
esqueci de que estava em regime de exclusividade».
A verdade é que o Primeiro-Ministro deve esclarecimentos ao País — «quem não deve, não teme» — e
aguardamos que o faça, em vez de descartar para a Procuradoria-Geral da República. Parece-nos que a
responsabilidade assim o exige e a dignidade das funções assim o impõe.
Em todo o caso, no final desta discussão, quero só perguntar-lhe como é que o PS consegue perspetivar a
salvaguarda dos serviços públicos fundamentais, nomeadamente na educação e na justiça. O PS tem, do
passado, um compromisso com a reabertura de todos os tribunais que ora foram encerrados e continua a
reivindicar-se do direito à defesa da escola pública. Isto exige uma enorme clareza com a rutura das políticas
de austeridade. Não é mantendo os cortes de milhões e milhões, que estão anunciados,…
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Concluo, Sr.ª Presidente.
Como estava a dizer, não é mantendo os cortes de milhões e milhões, que estão anunciados, que o PS vai
resolver o problema. Portanto, digam-nos, de uma vez por todas, qual é o vosso compromisso, de forma a
poderem defender, em coerência, estes serviços fundamentais.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Junqueiro.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Cecília Honório, os nossos compromissos
na educação e na justiça, aqueles que referiu, são para cumprir, porque desde o início transmitimos ao País
que não podíamos dizer nada que, no futuro, não pudéssemos verdadeiramente assumir, e este é um
compromisso de honra. Está em jogo a credibilidade da política e da democracia, está em jogo o facto de as
pessoas terem pouca confiança naquilo que os políticos interpretam como promessa — e isto é sentido por
nós —, porque, no final das eleições, surge sempre uma realidade diferente.
Portanto, o nosso compromisso é este: fazer da educação, novamente, uma prioridade, aliviar os cortes,
porque o investimento na educação tem sempre um valor acrescentado na qualidade do País e da sua
competitividade. Só quem sabe o que custou, no regime anterior, a aposta no analfabetismo é que pode
compreender que nunca é demais termos, como prioridade, o investimento na educação.