16 DE OUTUBRO DE 2014
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A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — O Sr. Deputado Eduardo Cabrita informou a Mesa que pretende
responder em conjunto os dois pedidos de esclarecimento, e, assim sendo, dou a palavra ao Sr. Deputado
José Ribeiro e Castro.
O Sr. José Ribeiro e Castro (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Andamos aqui à volta — e o
Sr. Deputado também — da questão da dívida. Ora, a dívida é uma consequência e nós não resolvemos a
consequência se não resolvermos a causa.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
E a causa é o défice crónico e a acumulação dos défices e estes são a dimensão da despesa.
Nós só resolvemos o problema da dívida se reduzirmos forte, significativa e estruturalmente a despesa
pública…
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. José Ribeiro e Castro (CDS-PP): — … e o que temos visto, ao longo destes últimos anos, é a
recusa do Partido Socialista em debater esta questão esta questão e essa frente incontornável da questão, e
sempre que o Governo e a maioria apresentam propostas que conduzem no sentido da redução da despesa,
muitas vezes, o Partido Socialista está contra, levantando até o problema da inconstitucionalidade da redução
da despesa, mas nunca põe o problema da inconstitucionalidade do agravamento da dívida.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. José Ribeiro e Castro (CDS-PP): — Portanto, a questão que lhe coloco é se o Partido Socialista
está ou não disposto, nesta última sessão legislativa desta Legislatura, a participar num debate sério de
redução da despesa pública, que permita reduzir o défice e enfrentar, finalmente, o problema da dívida da
única forma séria, consistente e continuada em que ele pode ser enfrentado.
Aplausos do CDS-PP e PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Eduardo Cabrita.
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Sr.ª Presidente, agradeço aos Srs. Deputados Cristóvão Norte e José
Ribeiro e Castro as questões que tiveram a gentileza de me colocar, porque elas revelam aquele que é o
vazio, o desespero e o estado de finados em que está o pensamento desta maioria,…
Aplausos do PS.
… que fracassou naquela que foi a causa que os levou a conjugarem-se: uma resposta errada à questão
da dívida, à questão da crise europeia que pôs a Europa à beira da desagregação e que se deve, em larga
medida, à família política que, conjuntamente, integram no espaço europeu.
Uma resposta fracassada à escala nacional, que levou a dívida de 70% que tínhamos em 2008, quando a
crise estava a dar os seus primeiros passos, para 134%, que é o que ela representa hoje, depois do maior
crescimento de sempre da dívida pública verificado no espaço de apenas três anos.
Aquilo para que desafiamos estes dois partidos, que participaram, em muitos momentos, tal como o PCP
noutros, na construção deste consenso social e deste aprofundar de uma visão democrática avançada e
solidária para a sociedade portuguesa, é para uma discussão sobre a forma de conjugarmos a salvaguarda do
modelo social europeu e a salvaguarda de uma Europa de solidariedade e de justiça social com finanças
públicas equilibradas e não uma estratégia de ataque ao contrato social, de falta de confiança para as
empresas, de afronta à Constituição e aos direitos dos pensionistas e dos trabalhadores que tinham um
contrato com o Estado que reputavam ser uma pessoa de bem.