16 DE OUTUBRO DE 2014
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rejeita é o dinheiro que serve para pagar salários, que serve para pagar a saúde, que serve para pagar a
educação.
Protestos do PCP.
Mas também é verdade, e não podemos deixar de o dizer, que é o dinheiro que foi usado no tempo do
descontrolo e do despesismo socialista, é o dinheiro que foi utilizado em investimentos públicos sem retorno.
Mas, ainda assim, Srs. Deputados, há uma novidade nesta proposta que o PCP hoje apresenta. O PCP
tende a menorizar e a esconder um pequeno detalhe relativamente aos credores dos nossos juros agiotas,
tende a ignorar que, nestes credores, há famílias portuguesas, há investidores portugueses, há seguradoras
portuguesas e há bancos portugueses.
Protestos do PCP.
Hoje, no texto mas não no discurso, o PCP lá vem admitindo que era preciso separar essa «categoria» de
credores. Mas quem estancaria os efeitos dessa decisão? Quem estancaria e evitaria o colapso da economia
portuguesa? Quem evitaria o fim do investimento estrangeiro? Quem estancaria a turbulência nos mercados
financeiros? Quem faria delete à incerteza sobre o futuro? Quem eliminaria os efeitos de uma tensão política
com os nossos parceiros europeus? E, aí, o PCP responde facilmente, indo, neste debate, mais longe do que
nos anteriores: «Não precisamos de parceiros europeus! Sejamos uma nação independente e livre da moeda
única. Voltemos a uma moeda própria».
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Não se esqueça de falar da banca privada! Tem tempo para isso!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Pergunto ao PCP: uma moeda própria que valeria quanto? Valeria
30%, 40%, 50% do euro? «Isso, logo se verá. Entretanto, venha a desvalorização salarial, venha a quebra de
rendimentos reais, venha a desvalorização das nossas poupanças, venha a inflação descontrolada, venha a
impossibilidade de importarmos bens essenciais ao funcionamento da nossa economia. Fechemos as portas
do País e, já agora, nacionalizemos os bancos».
Nem era preciso o PCP dizê-lo, era inevitável!
«Congelem-se levantamentos, deixem-se fugir divisas, nacionalizem-se os depósitos e o produto de uma
vida inteira de trabalho, de poupança e de sacrifício dos portugueses».
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Corte-se a Internet!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Não alinhamos em delírios! O
experimentalismo do PCP choca fatalmente com a realidade! Ou alguém, neste País, imagina que, saindo do
euro, no dia seguinte, os empresários portugueses ficavam com o bolso cheio de notas para investir aquilo que
não podem investir hoje? Mas, então, como se dá, afinal, o milagre da recuperação do aparelho produtivo,
desenhado pelo PCP? Faz-se com o dinheiro de quem? Emprestado por que banco? Nacionaliza-se tudo? É o
Estado que empresta? De onde vem? Cai do céu?
Protestos do Deputado do PCP Francisco Lopes.
Ou, por outro lado, alguém imagina que é possível sobreviver apenas e só com o que produzimos
internamente e que mesmo as nossas exportações não implicam a importação de fatores produtivos
comprados no exterior?!
O experimentalismo do PCP choca fatalmente com a realidade dos portugueses que trabalham e que se
esforçam diariamente para projetar o País que querem para os seus filhos.
Sr. Deputado Paulo Sá, não se prepara antecipadamente o caos, a vossa proposta mata e enterra a
credibilidade do País.
Com isto termino, Sr.ª Presidente: vamos ao trabalho, porque, para utopia, está cá o PCP.