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I SÉRIE — NÚMERO 13

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Aplausos do CDS-PP e do PSD.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Srs. Deputados, o Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP, inscreveu-se

para pedir esclarecimentos, mas, como é óbvio e resulta do quadro eletrónico dos tempos, a Sr.ª Deputada

Vera Rodrigues não dispõe de tempo, a não ser que o PCP ceda tempo à bancada do CDS para que a Sr.ª

Deputada possa responder. Não sei se é o caso…

O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, peço desculpa, nesse caso, o Sr. Deputado Bruno Dias

inscreve-se para uma intervenção.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Então, usará da palavra depois dos Srs. Deputados que já se

encontram inscritos.

Para uma intervenção, tem, agora, a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Por aquilo que ouvimos aqui

hoje, o PSD e o CDS continuam a recusar a renegociação da dívida. Os partidos da maioria nem sequer estão

dispostos a considerar esta possibilidade e insistem na tese do «não pagamos». Mas esta teimosia não

significa apenas o «não pagamos», significa, ainda, que vão continuar os sacrifícios, o desemprego, o alastrar

da pobreza, os cortes salariais, a brutal carga fiscal, o esbulho das pensões e reformas e vamos continuar sem

resolver os nossos problemas, nem o problema da economia, nem o problema das contas públicas.

Para além disso, a não renegociação continua a obrigar o Governo a mentir aos portugueses, como

sucedeu ainda recentemente com o Sr. Primeiro-Ministro, que disse que, terminado o período de permanência

da troica, a agulha iria mudar. Esperava-se que, depois desse período, o Governo, de facto, mudasse mesmo

a agulha e começasse a repor tudo aquilo que foi subtraindo aos portugueses nos últimos três anos e meio, ou

seja, os salários, as pensões, as reformas, os níveis de impostos que os portugueses pagavam antes, os

apoios sociais, os postos de trabalho, os serviços públicos e a plenitude das funções sociais do Estado. Mas,

afinal, à semelhança do que fez em campanha eleitoral, quando prometeu que não aumentava impostos e que

os subsídios eram intocáveis, o Primeiro-Ministro voltou a enganar os portugueses, porque a troica foi embora,

mas a agulha é a mesma.

Entretanto, os portugueses continuam a dar voltas à cabeça para tentar perceber o que é que terá dado ao

Sr. Vice-Primeiro-Ministro Paulo Portas para se lembrar de pôr um relógio a andar para trás. Afinal, a troica foi-

se embora mas as políticas continuam, os cortes, que foram sempre vistos como provisórios, são para

continuar, a exagerada carga fiscal é para manter, a desresponsabilização do Estado nas suas funções sociais

é para continuar. A luz ao fundo do túnel era, afinal de contas, conversa fiada e o relógio, que andava para

trás, era apenas um número de circo numa feira ou num mercado qualquer, mas perto de si.

Tantos sacrifícios e, afinal, a situação está pior e agrava-se de dia para dia, como, aliás, o Sr. Deputado

Carlos Costa Neves, há pouco, ali, na tribuna, tão bem descreveu: desemprego, falências, aumento de

impostos, cortes nos apoios sociais e fugas de capitais. Tudo isso!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Até a Internet falha!

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Ora, face a este quadro, se, de facto, queremos pagar a dívida,

se queremos criar condições para o crescimento e se queremos criar condições para travar esta onda de

sacrifícios que está a ser imposta aos portugueses, a renegociação da dívida é inevitável e quanto mais tarde

se fizer pior.

É exatamente por isso que Os Verdes entendem que só nos resta um caminho, o qual começa pela

renegociação da dívida, para, depois, termos condições para nos virarmos para a produção nacional, porque,

se não produzirmos, não criamos riqueza e, se não criamos riqueza, não temos condições para pagar a dívida,

nem sequer para ganhar qualquer credibilidade externa.