18 DE OUTUBRO DE 2014
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O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Relatório da Comissão
Parlamentar de Inquérito à aquisição de diversos equipamentos militares foi e é, por culpa, por exclusiva
responsabilidade do PSD e CDS, um embuste, uma fraude.
O PSD e o CDS, com o claro objetivo de ilibar as responsabilidades políticas de sucessivos governos do
PS, do PSD e do CDS (na escolha, no concurso, no financiamento dos equipamentos e na execução das
contrapartidas), impediram a descoberta da verdade e apresentaram um relatório pré-fabricado que não tem
qualquer credibilidade ou seriedade.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Por incrível que pareça, PSD e CDS concluíram os trabalhos desta
Comissão sem que tenham chegado à Comissão Parlamentar de Inquérito todos os documentos solicitados e
sem que todos os depoimentos tenham sido sequer transcritos. Para além disto, impediram a audição de
testemunhas-chave e, como a avestruz, face a novos factos, «enfiaram a cabeça na areia» e fizeram de conta
que não era nada com eles.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Ao contrário do que a Relatora e o Presidente da Comissão Parlamentar
de Inquérito dizem, esta Comissão Parlamentar de Inquérito não chegou ao seu fim, não cumpriu o seu
objetivo, e tinha instrumentos para o fazer.
Bem podem dizer que se limitaram a cumprir prazos ou que promoveram muitas audições. A verdade é que
impediram um trabalho rigoroso de apuramento das responsabilidades.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — O PCP tomou posições públicas, ao longo de vários anos, questionando e
denunciando os múltiplos aspetos dos negócios destes equipamentos militares, alertas que, a par do seu
silenciamento na comunicação social, não tiveram eco nos sucessivos governos de responsabilidade política
do bloco central de interesses que nos têm desgovernado.
Para o PCP, ficou claro, desde a primeira hora, que, a par do jogo do empurra entre a maioria e o PS, PSD
e CDS-PP não queriam apurar nem as responsabilidades nem todos os factos. PSD e CDS-PP quiseram, sim,
despachar o assunto quanto antes e, por isso, realizaram as audições a correr, não esperaram pelos
documentos solicitados e impediram a realização de novas diligências. No fundo, fugiram da verdade como «o
diabo foge da cruz».
Sr. Presidente, Srs. Deputados: O relatório desta Comissão Parlamentar de Inquérito tem vários «buracos
negros», gigantescos «buracos negros»! Entre muitos outros assuntos e factos que, por responsabilidade do
PSD e do CDS, ficaram por apurar queremos destacar: o apuramento das responsabilidades concretas pela
miserável execução das contrapartidas. São centenas de milhões de euros que ficaram por executar.
Protestos do Deputado do CDS-PP Filipe Lobo d’Ávila.
Milhões de euros prometidos à economia nacional, muitas vezes usados para convencer a opinião pública
da necessidade de compra de vários equipamentos militares, que não foram utilizados. Este desastroso
processo ficou sem responsabilidades atribuídas e, como é habitual, por vontade do PSD e do CDS-PP, «a
culpa morreu solteira».
O PSD e o CDS-PP não permitiram a audição do Dr. Paulo Núncio, atual Secretário de Estado dos
Assuntos Fiscais, que foi, enquanto advogado da Steyer que fabricou os Pandur, diretamente implicado na
elaboração e na assinatura de falsas contrapartidas que poderão ter prejudicado o Estado em largos milhões
de euros.