I SÉRIE — NÚMERO 15
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Portanto, o nosso desafio, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Mónica Ferro, é que se abram os arquivos todos,
desclassifiquem-se os documentos todos e venha a verdade cá para fora.
Talvez tenha hoje acabado, ou acabe, ou comece a acabar, um longo ciclo de mentiras impunes.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, tem de concluir.
O Sr. José Magalhães (PS): — E felizmente, Sr. Presidente — e com isto termino —, em política, os
crimes contra a verdade não prescrevem!
Aplausos do PS.
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Foi um bom momento teatral!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Prôa.
O Sr. António Prôa (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Todos concordamos que as matérias
de defesa nacional têm uma natureza transpartidária e transtemporal. Podemos, naturalmente, divergir nos
meios, mas convergimos nos objetivos.
Em 40 anos de democracia, independentemente da cor da maioria eleita, tivemos a sensatez, o patriotismo
e a responsabilidade de nos comportarmos à altura dessa condição, que alimenta o debate parlamentar, mas
não se compadece com a instrumentalização política.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Mentira!
O Sr. António Prôa (PSD): — Lamentavelmente, o Partido Socialista abandonou essa postura no verão de
2014, tentando fazer da Comissão de Inquérito aos Programas de Aquisição de Equipamentos Militares um
terreno de insinuação e não de prova, com mais preconceito do que investigação, com mais lucro partidário do
que vantagens no apuramento da verdade.
A oposição ouviu quem quis. Perguntou, evidentemente, o que quis, de acordo com o seu trabalho de casa
e com as suas suspeitas que, legitimamente, trazia ao Parlamento.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Mais uma vez, mentira!
O Sr. António Prôa (PSD): — Foi democraticamente assistida por uma presidência da Comissão imparcial
e equilibrada e pela qualidade dos serviços do Parlamento.
Aplausos do CDS-PP.
Recebeu uma série de novas informações e de nova documentação que a poderia levar a uma nova
perspetiva sobre as suas preocupações.
Partiu da dúvida, o que é salutar e indispensável para quem se dispõe a trabalhar numa comissão de
inquérito, mas aí se instalou, imune a qualquer dado que contrariasse o seu conceito prévio.
Audição após audição, cada vez que esclarecia uma questão, levantava outra, quantas vezes apenas para
manter o clima de suspeição — afinal o seu primeiro e último objetivo para a existência da Comissão.
Sempre que descobria — na alegada nublosa — que determinados factos nunca aconteceram,
estranhamente, mantinha a versão original da mesma história, como se houvesse um conluio de mentira entre
todos os inquiridos, independentemente da sua orientação política.
Se, por um acaso que se verificou repetido, o PS apurava responsabilidades socialistas na condução da
maioria das acusações que fazia, rapidamente mudava de assunto ou encontrava uma explicação lateral,
assessória ou atenuante.