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I SÉRIE — NÚMERO 15

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O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!

O Sr. Jorge Machado (PCP): — O PSD e o CDS-PP não permitiram a sua audição e isso é muito

revelador do ponto de vista político.

Ficou por esclarecer, porque assim o quiseram PSD e CDS, a questão do nubloso leilão bancário em que o

consórcio do BES, embora perdendo o leilão, acabou por ganhar este negócio ruinoso para o Estado de

compra de equipamentos militares em sistema leasing, e ficaram por apurar as responsabilidades do, então,

Ministro da Defesa, Dr. Paulo Portas, neste mesmo processo.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Não foi apurada a legalidade, ou sequer questionada a transparência do

concurso dos submarinos, sabendo que o concorrente alemão alterou o modelo de submarino a meio do

processo.

O fim abrupto e injustificado da Comissão Parlamentar de Inquérito impediu a audição de Jürgen Adolf, ex-

cônsul honorário de Portugal em Munique, que foi condenado por corrupção na Alemanha, na venda dos

submarinos a Portugal. Se há um corruptor, tem de haver um corrompido. Mais uma vez, PSD e CDS, ao

acabarem, abrupta e injustificadamente, os trabalhos da Comissão, impediram a audição desta testemunha-

chave.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Má consciência!

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Entre tantas outras questões, não é abordado o problema da escolha dos

modelos e a sua quantidade. PSD e CDS, que tanto disseram, e dizem, que a culpa da crise é o facto de os

portugueses terem vivido acima das suas possibilidades, foram os mesmos que, juntamente com o PS,

escolheram os equipamentos militares mais caros do mundo, como os submarinos alemães e os helicópteros

EH-101, e compraram equipamentos em quantidades exageradas para as necessidades e possibilidades do

nosso País.

Por fim, assistimos à ridícula situação de, dias antes de concluída a Comissão Parlamentar de Inquérito e

face a notícias que relatam novos e importantes factos, PSD e CDS nada dizerem e nada fazerem. As notícias

dão conta do pagamento de 30 milhões de euros da MAN Ferrostaal, construtora dos submarinos, à Escom,

empresa do grupo BES. Destes 30 milhões de euros, 15 milhões de euros ficaram na empresa, 5 milhões de

euros foram distribuídos pelos diferentes «ramos» da família Espírito Santo e os restantes 10 milhões de euros

foram para pagamentos a terceiros. Neste cenário, importaria ouvir novamente a administração da Escom e

ouvir o Dr. Ricardo Salgado, para descobrir quem mais beneficiou com este negócio.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!

O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Não o requereram!

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Face a estas notícias e a estes novos factos, o que decidem PSD e CDS

fazer? «Arrumar as malas» e toca a concluir a Comissão de Inquérito, antes que se descubra seja o que for.

A afirmação, feita no Relatório, de que «nenhuma pergunta ficou por fazer», é mentira. Por culpa do PSD e

do CDS, muitas perguntas ficaram por fazer e, por isso, estamos face a um inquérito inacabado e a um

relatório viciado.

O PCP, além de contestar este caminho, apresentou propostas de prolongamento dos trabalhos e a

realização de novas diligências, que esbarraram na maioria parlamentar PSD e CDS. Usaram a razão da força

contra a força da razão.

Este Relatório devia envergonhar o PSD e o CDS. Demonstra o quanto estão comprometidos com estes

processos e é uma tentativa de abafar a descoberta da verdade. O problema é que a verdade é como o azeite

e, mais cedo que tarde pode vir, como os submarinos, à tona da água.