18 DE OUTUBRO DE 2014
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Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Esta Comissão foi criada com o acordo de todos, para apurar, de
uma vez por todas, a verdade de todos. Não foi constituída pela vontade de alguns para confirmar uma pré-
construção de uma suspeita colossal e inatingível. Não vamos por aí. Não fomos por aí. Nunca iremos por aí.
Considero que a Comissão de Inquérito cumpriu os seus objetivos no apuramento das escolhas que os
vários Governos fizeram, desde 1998: na debilidade dos mecanismos das aquisições; no reconhecimento de
fragilidades que não podem voltar a repetir-se; e na averiguação das respetivas responsabilidades políticas.
Cumpriu até um outro objetivo: o objetivo pedagógico de demonstrar, nomeadamente ao Sr. Deputado José
Magalhães, a importância dos submarinos, que o Sr. Deputado, no início dos trabalhos da Comissão, começou
por designar de «charutos» e acabou a considerar equipamentos altamente importantes para a defesa
nacional. Até isso se conseguiu, Sr. Deputado!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Ouvimos vários ex-Ministros da Defesa socialistas chamar a si a paternidade da capacidade submarina e
das decisões que foram tomadas nesta matéria. É um facto muito significativo, pois, no início dos trabalhos
desta Comissão, diziam que essa paternidade era do Dr. Paulo Portas.
Muito destes factos já eram conhecidos, mas foram lembrados durante os trabalhos da Comissão.
Detenho-me, com mais pormenor, no programa dos submarinos, que mais atenções despertou.
Sabemos, hoje, que a renovação da capacidade submarina estava prevista desde 1997. Sim, não só na Lei
de Programação Militar de 2003. A verdade é que todos convergem na necessidade de Portugal ter
capacidade submarina.
Sabemos, hoje, que é do período de governação socialista parte muito significativa das decisões no
programa de aquisição de submarinos: a resolução do Conselho de Ministros, que aprovou o desenvolvimento
do programa relativo à aquisição dos submarinos; o documento fundamental de enquadramento contratual das
contrapartidas; a opção pelo fornecedor alemão; a substituição dos modelos a meio do concurso. Tudo
decisões de governos socialistas.
Sabemos, hoje, através do antigo Ministro socialista Rui Pena, que o processo para a adjudicação do
contrato de compra dos submarinos estava concluído e que ele só não o concretizou porque o Governo do
qual fazia parte se demitiu subitamente.
Enfim, sabemos, hoje, que a maioria das decisões sobre a aquisição de material militar se deu no tempo
dos governos socialistas, que, com António Guterres, não foram salvaguardadas as garantias e que, com José
Sócrates, não foram executadas as contrapartidas.
Protestos do PS.
O Sr. José Magalhães (PS): — Ora, já cá faltava!
O Sr. António Prôa (PSD): — Sabemos, hoje, que houve desleixo por parte dos governos socialistas no
acompanhamento das contrapartidas. Após seis anos de governos do Partido Socialista, havia contratos com
taxas de execução perto dos 0%. Repito, em 6 anos, 0%!
Onde estava a preocupação dos Deputados do Partido Socialista com a execução das contrapartidas entre
2006 e 2011?
Mas, do atual Governo, também sabemos mais: foi o atual Governo que acabou com as contrapartidas
para o futuro e que extinguiu a Comissão Permanente de Contrapartidas, passando as suas competências
para um organismo mais preparado. Foi este Governo que o fez.
Foi o atual Governo que rescindiu contratos de fornecimento que não estavam a ser cumpridos e executou
garantias de milhões de euros, como no caso dos torpedos e das Pandur, quando no passado se dilatavam os
prazos.
Foi o atual Governo que renegociou contratos que estavam com dificuldade de execução, como no caso
dos submarinos e dos aviões C-295.
Srs. Deputados do Partido Socialista, utilizando a linguagem própria destas matérias, quantos, mas
quantos «tiros nos próprios pés» deram com o avanço dos trabalhos desta Comissão!