18 DE OUTUBRO DE 2014
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O Sr. João Semedo (BE): — Por que não foi impedido o flagrante conflito de interesses envolvendo o
Grupo Espírito Santo, que tanto assessorou quem vendeu como assessorou quem comprou — o Estado
português? Continuamos sem saber.
E continuamos sem saber, Sr.as
e Srs. Deputados, por duas razões: pelo conhecido biombo judicial, que
sempre é invocado e sempre se levanta impedindo a descoberta da verdade, e também pelo bloqueio imposto
por uma Comissão atrelada e por uma maioria subserviente.
Bloqueio, sim, Sr.as
e Srs. Deputados!
Entre a primeira e a última audição, passaram 30 dias úteis e em 30 dias úteis esta Comissão conseguiu
realizar 50 audições. Nunca qualquer outra comissão de inquérito trabalhou a este ritmo.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Isso é verdade!
O Sr. João Semedo (BE): — E com este ritmo foi impossível preparar antes as audições e aproveitá-las
depois. Foi isto que a maioria, PSD e CDS, conseguiu.
O Sr. José Magalhães (PS): — Era essa a ideia!
O Sr. João Semedo (BE): — O PSD e o CDS só tiveram duas preocupações: acabar com este inquérito o
mais depressa possível e esconder, tanto quanto possível, a sua existência. O PSD e o CDS quando, neste
Plenário, aprovaram esta Comissão, aprovaram-na de má-fé. Fingiram aceitar um inquérito para o poderem
esvaziar e, assim, proteger os seus — proteger o Dr. Durão Barroso e proteger o Dr. Paulo Portas.
É bom recordar que Durão Barroso foi o Primeiro-Ministro do Governo que comprou os submarinos e
outros equipamentos militares e Paulo Portas era o Ministro da Defesa desse mesmo Governo. É bom não
esquecer que foi este Governo, o Governo do Dr. Durão Barroso e do Dr. Paulo Portas, que fechou o contrato
e comprou estes submarinos. É uma responsabilidade partilhada por um e por outro, embora seja curioso
verificar como cada um pretende atribuir, em exclusivo, a responsabilidade ao outro. Aliados ontem, aliados
hoje, mas aliados q.b. — negócios à parte, políticas aliadas.
A Sr.ª Deputada Mónica Ferro fez aquilo que já tive a oportunidade de dizer: um relatório de conveniência.
Um relatório de conveniência com conclusões tendenciosas, parciais e mentirosas!
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Mentirosas, sim, Srs. Deputados! Mentirosas! Os Srs. Deputados não gostam de ouvir, mas a democracia
obriga-vos a ouvir.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Não, não obriga!
O Sr. João Semedo (BE): — E sabem por que é que são mentirosas? São mentirosas porque não é
verdade o que está escrito no relatório. Não é verdade que nenhuma pergunta tenha ficado por fazer —
ficaram muitas perguntas por fazer.
Aplausos do BE.
E mentirosas também, porque não é verdade que destas audições e desta Comissão não se tenha retirado
qualquer indício ou cometimento de ilegalidades. Isso também é mentira!
Mas, Sr.as
e Srs. Deputados, passe a vossa exaltação — que é momentânea, não afeta ninguém e muito
menos a verdade —, deixem que vos diga que de tudo isto vamos continuar a ouvir falar.
Vamos continuar a ouvir falar, porque há um inquérito sobre o Banco Espírito Santo já aí à porta. E,
também, por uma outra razão, que tanto preocupa os Srs. Deputados que tanto se exaltam neste Plenário: é
que todos sabemos que está para breve o encerramento do inquérito em curso no Ministério Público. O
inquérito que terminará com o seu arquivamento ou com uma acusação, mas, seja arquivamento ou acusação,