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18 DE OUTUBRO DE 2014

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Vou citar: «Como resultado dessa conversa, o Primeiro-Ministro Barroso solicitou expressamente ao Dr.

Mário David e ao Dr. Adolff que acompanhassem a questão do German Submarine Consortium (o Dr. Mário

David é conselheiro do Primeiro-Ministro para os assuntos políticos e seu acompanhante)».

Protestos do PSD.

No dia 3 de outubro de 2002, nova reunião entre os Srs. Haun, Müehlenbeck e Mário David para discussão

— notem — do financiamento dos submarinos (antes de comprados já houve financiamento). E notem a data e

o tema!

Protestos do PSD e do CDS-PP.

Em 18 de outubro de 2002, foi acordado entre o Ministro da Defesa Nacional, Paulo Portas, e os Srs. Haun

e Müehlenbeck um prazo. Na semana seguinte, de novo graças ao Cônsul Adolff, foi conseguido um encontro

entre os Sr. Haun, o Sr. Müehlenbeck e o Ministro Carlos Tavares, Ministro da Economia — contrapartidas.

Os mesmos reuniram, depois, na residência oficial do Primeiro-Ministro — o que deve estar registado —

com o assessor Mário David e o Sr. Scholler, da International Defense Financing GmbH.

Em 5 de fevereiro de 2004, na viagem entre o aeroporto e o hotel em Munique, o Cônsul Adolff teve uma

«Vieraugengespräch» (uma conversa a quatro olhos, isto é, uma conversa a sós, no linguarejar alemão) com o

Ministro da Defesa, Paulo Portas, sobre como continuar o processo e o problema da queixa francesa (maroto

dos franceses!). Quinze dias depois, o Sr. Haun agradeceu, por escrito, ao Cônsul ter conseguido uma reunião

de enorme sucesso com o Coronel Serafino, hoje General (que fomos impedidos de ouvir «porque era um

militar no ativo», compreendem?! Os militares no ativo não podem ser ouvidos, exceto se forem nomeados

pelo Governo).

Em 21 de junho de 2004, o Cônsul anunciou (notem, oito dias antes do anúncio da demissão do Primeiro-

Ministro Barroso) ao Sr. Weretecki, da Ferrostaal, a iminente saída para Bruxelas do Presidente do PSD.

Portanto, este Cônsul, o tal «maçador», era um tipo bem informado sobre os meandros do segredo mais bem

guardado — nem nós conseguimos descobri-lo, Ferro Rodrigues, nem nós! Mas o Cônsul «maçador» sabia —

e os alemães souberam.

Srs. Deputados, acabei de ler-vos um relatório de um detetive privado ou do SIS? Não, nada disso. Acabei

de ler um documento oficial da justiça alemã, informações do processo que condenou o Sr. Jürgen Adolff, ao

abrigo do § 332/n.º 3 do Código Penal alemão, e foi condenado por ter recebido ilegalmente 2,6 milhões, repito

2,6 milhões — que, aliás, o tribunal mandou apreender e perder a favor do Estado (grande tribunal!).

Era por isto que os Srs. Deputados não queriam que fôssemos a Munique.

Protestos do PSD e do CDS-PP.

E agora, Meus Senhores? E agora? Que fazer agora aos depoimentos indiciariamente inverdadeiros do Dr.

Durão Barroso e do Dr. Paulo Portas? Resposta: mandá-los para a PGR e faça-se justiça, naturalmente.

Terceira e última novidade.

Não conseguimos ter acesso aos documentos que retratam as negociações e sucessivas versões dos

contratos dos submarinos Tridente e Arpão. Uns foram destruídos, outros estão arquivados nenhures, outros

estão fechados a sete chaves, e não nos dão, obviamente.

Protestos do PSD.

Porquê? Por uma razão simples: porque esses documentos revelam, (não sei se o Sr. Deputado me quer

inquirir, mas façam favor) que, meses antes da adjudicação, houve um entendimento do XV Governo com os

alemães, dando-lhes o estatuto de preferedbidders — isto é, candidatos concorrentes preferenciais. A

resolução do Conselho de Ministros n.º 183/2003, de 6 de novembro, homologou a adjudicação ao fornecedor

que, na verdade, como revelam os documentos, era velho amigo do Governo, e fê-lo em condições que

podem ser comprovadas por quem quer que seja que abra os dossiers.