I SÉRIE — NÚMERO 18
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Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Terminada a primeira ronda de perguntas, tem a palavra a Sr.ª Ministra de Estado e
das Finanças, para responder.
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, começo por responder à
questão que me foi colocada, primeiro, pelo Sr. Deputado Pedro Nuno Santos e, depois, também pela Sr.ª
Deputada Mariana Mortágua, sobre o impacto do BES.
Os Srs. Deputados insistem muito na ideia de que no Orçamento do Estado devíamos ter uma previsão do
impacto do BES. E a previsão que os Srs. Deputados fazem é que o impacto do BES vai ser muito mau. Nós
também achamos que, de facto, um problema num banco com esta dimensão é mau para a economia. Porém,
como já tive ocasião de dizer, entendemos que, face à robustez do restante sistema financeiro, aliás,
confirmada no domingo passado com o resultado dos testes de stress efetuados pelo Banco Central Europeu,
esse risco é muito mais mitigado do que se esta situação tivesse acontecido em momentos anteriores, em
que, de facto, o nosso sistema financeiro estava bem mais frágil.
Mas bem mais importante do que discutir um número que os Srs. Deputados entendem dever estar no
Orçamento do Estado é saber, afinal, qual é a solução que, em vossa opinião, devia ter sido utilizada no caso
do BES. Os Srs. Deputados preocupam-se tanto com as consequências da solução que foi aplicada mas não
perdem um momento para dizer aos portugueses que solução teriam preferido, que solução acham que teria
menores custos!… Desde que não seja, obviamente, a solução de o problema não existir, porque, essa, todos
a preferíamos, mas, como compreenderão, não estava à disposição de ninguém.
O Sr. Deputado Pedro Nuno Santos referiu-se ainda às palavras do Sr. Primeiro-Ministro relativamente ao
impacto, ou não, do BES e do GES. Naturalmente, não falarei pelo Sr. Primeiro-Ministro. Compreendo que o
Sr. Deputado tenha pena de não ter tido a oportunidade de colocar as perguntas diretamente ao Sr. Primeiro-
Ministro, mas terá de esperar por uma outra oportunidade.
Quanto à questão da reforma do IRC, Sr. Deputado Fernando Virgílio Macedo, de facto, o PS, tanto quanto
sabemos, continuará comprometido. E digo «tanto quanto sabemos» porque foi definido, no âmbito do acordo
e da aprovação da reforma do IRC, que um grupo de acompanhamento dessa reforma faria uma
recomendação ao Governo no sentido de propor, ou não, a continuação da redução da taxa. E esse grupo de
acompanhamento, que inclui um representante designado pelo Partido Socialista, recomendou ao Governo
que continuasse este caminho.
O Governo continua convicto de que, de facto, este é o caminho certo, tanto mais que, quando olhamos
para os resultados da receita de IRC já este ano, verificamos que não temos a perda de IRC associada à
descida da taxa. Porque uma descida da taxa do IRC, bem como todas as outras medidas que foram incluídas
na reforma do IRC, tornam o nosso País mais amigo do investimento, mais amigo da criação de emprego,
mais amigo da atividade das empresas, e esse é o primeiro passo para que possamos continuar a moderação
fiscal também para as famílias.
Começámos por aí e continuamos a entender que essa é, de facto, a melhor forma de começar, porque é a
forma sustentável de proporcionar crescimento à economia e de podermos refletir os benefícios para todos os
cidadãos.
A previsibilidade fiscal, como sabemos, é muito importante. De resto, basta ver a evolução de Portugal nos
rankings internacionais de competitividade, de facilidade de fazer negócios, nestes últimos anos, para ficar
claro que avaliações externas e independentes nos colocam hoje numa posição muito mais favorável do que
há uns anos, nomeadamente do que há três anos, o que é claramente um benefício para todos os
portugueses.
Os Srs. Deputados falam da credibilidade do cenário macroeconómico. Ora, tive também a curiosidade de
ler, no Diário da Assembleia da República, a ata do debate do ano passado e, um pouco como disse a Sr.ª
Deputada Cecília Meireles, de facto, é deprimente ver como pouco mudaram os argumentos quando, um ano
volvido, é tão óbvio que tanto se enganaram!
O Sr. Pedro Nuno Santos (PS): — Houve dois Orçamentos retificativos!