I SÉRIE — NÚMERO 18
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dois números que são claros e que têm de ficar bem explícitos: há 15 000 milhões de défice que foram
cortados entre 2010 e 2015 e há 8000 milhões de dívida. É esta a diferença que nos separa do Partido
Socialista.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Vieira da Silva (PS): — Não percebeu nada!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Mas, para além desta fábula irrealista em que o Partido Socialista
vive, nunca chega a explicar como é que se dá este salto e este passo de mágica, este salto de canguru.
Nunca explica como é que financiaria a sua estratégia de crescimento baseada em investimento público,
nunca explica quem é que nos emprestaria dinheiro, nunca explica como é que conseguiria estancar a dívida
com défices sucessivos, nunca explica que impostos aumentaria para controlar o défice ou, pelo contrário, que
despesas cortaria para conseguir atingir esse controlo.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Sr.ª Ministra, desconfiamos muitíssimo das intenções deste Partido
Socialista.
Mas ficando a saber que, de facto, o Partido Socialista vive mal com a realidade, enquanto a oposição
discute falhas de previsão, há um País lá fora que se agiganta e que trabalha, perante um Orçamento que é
realista e que acaba com vários mitos.
Sr.ª Ministra, este Orçamento do Estado mostra bem que é possível crescer e, ao mesmo tempo, controlar
o défice; que é possível fazer ajustamento e recuperar emprego; que é possível fazer ajustamento e ganhar
competitividade lá fora; que é possível fazer ajustamento e gerar confiança nos consumidores e nos agentes
económicos; que é possível fazer ajustamento e repor rendimentos aos portugueses; que é possível crescer e
manter excedentes externos.
Mas há outra coisa muito relevante: é que este Orçamento mostra o fim do mito da dívida insustentável, e é
importante que aqui fique claro, Sr.ª Ministra, que dívida é esta.
Há um mapa do Conselho de Finanças Públicas e outro do FMI que mostram bem a decomposição e a
caracterização daquela que é a evolução da dívida pública entre 2010 e 2013. Não é só o Governo, por meio
do Orçamento do Estado, que identifica os efeitos que mais contribuem para a inversão da tendência de
crescimento da dívida pública. Em abono da verdade, há outro efeito muito relevante, o de percebermos se no
montante de dívida que temos nesta altura estão ou não refletidas as acumulações de depósitos da
Administração Pública, que o Partido Socialista esvaziou, que o Partido Socialista tinha vazio em 2011,
quando foi preciso pedir dinheiro para pagar salários e pensões.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Gostaríamos de saber se neste montante de dívida está ou não a
regularização de dívidas e de responsabilidades com as quais nós não contávamos, que não estavam inscritas
no Orçamento e que agora temos de pagar e, evidentemente, se está ou não o reflexo do défice primário e do
efeito de juros.
Sr.ª Ministra, não fazemos este exercício por mera retórica. Há um exercício de memória que precisa de ser
feito. Ao contrário do que é hábito da oposição, não temos intenção de «sacudir a água do capote». Trata-se
de algo bem mais profundo: é termos a noção daquele que é o nosso ponto de partida e, qualquer que seja o
caminho que temos a percorrer, é sempre importante sabermos qual é o ponto de partida. Mas, mais: é termos
uma noção clara e evidente de que a inversão desta trajetória significa deitar pela janela fora todos os
sacrifícios e todos os objetivos que já foram alcançados.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.