31 DE OUTUBRO DE 2014
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A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças para responder.
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Sr.ª Presidente, começo por responder ao Sr. Deputado
Nuno Reis, que me colocou a primeira questão, mas, também, em parte, à Sr.ª Deputada Vera Rodrigues,
relativamente à questão da dívida pública.
Efetivamente — e já tive o cuidado de referir esses dados quando estive na COFAP a apresentar o
Orçamento do Estado —, com a alteração da metodologia estatística, nós temos agora a possibilidade de
fazer a verdadeira comparação dos níveis de dívida ao longo destes últimos anos. E aquilo que podemos
verificar, quando consideramos o SEC 2010 (Sistema Europeu de Contas 2010), e apenas para comparação
de quem, efetivamente, criou dívida no Governo anterior — portanto, no mandato que decorreu entre 30 de
setembro de 2009 e junho de 2011 —, é que o Governo anterior aumentou a dívida em 54 944 milhões de
euros, o que equivale a 29,2 pontos percentuais do PIB, em menos de dois anos.
Este Governo, em três anos — com suposta espiral recessiva, com o efeito da bola de neve, com todas
aquelas coisas que ouvimos aqui hoje e ao longo destes últimos três anos —, aumentou-a em 28 561 milhões
de euros, em 20,1 pontos percentuais. E ainda tem dinheiro nos cofres, ao contrário do que nós encontrámos
quando chegámos.
O Sr. Pedro Nuno Santos (PS): — Veja o que fez ao povo!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Estes são os números em termos de SEC 2010, que são os
verdadeiramente comparáveis, ou seja, quando consideramos toda a dívida que existia, independentemente
de estar ou não registada nas contas. E embora a Sr.ª Deputada Isabel Santos diga que eu faço um jogo de
números, isto não é um jogo de números, são números que se retiram da base de dados do Banco de Portugal
— se tiverem curiosidade de fazer as contas, estão lá.
Quanto às questões colocadas pelo Sr. Deputado Nuno Reis relativamente à solução da dívida ao nível
europeu, devo dizer que o que me causa mais estranheza é o Partido Socialista referir a necessidade de
encontrar uma solução para a dívida ao nível europeu, de apelar e defender a mutualização da dívida e depois
termos tantos autarcas do Partido Socialista que, quando têm de participar no Fundo de Apoio Municipal para
serem solidários com outras autarquias, entendem que não têm de pagar para quem se portou mal. Não sei se
é o mesmo partido, mas que não parece, não parece, Srs. Deputados.
Quanto à discussão sobre a dívida pública, efetivamente é importante que se saiba a posição de cada
partido, nomeadamente dos partidos que dizem ter ambição de ser governo, mas muito importante para os
portugueses é que se perceba porque é que a dívida pública é tão grande. Eu já o disse hoje aqui e já o tinha
dito em ocasiões anteriores: dívida é memória; dívida é o resultado dos comportamentos passados, e essa é a
questão principal que nós devemos compreender na dívida. Não se trata só de como vamos pagá-la mas,
sobretudo, de como vamos evitar voltar a deixá-la crescer, sob pena de passarmos o resto dos nossos dias
numa montanha-russa de recessões e falsas recuperações que dão aos portugueses aquilo que não
merecem, que é uma vida sem futuro.
A Sr.ª Deputada Isabel Santos fala na «candura» com que apresento os números e o Sr. Deputado João
Galamba, no ano passado, falava em «convicção». Suponho que, embora com palavras diferentes, se refiram
mais ou menos ao mesmo e que, na prática, com isso, estejam a tentar querer dizer que as previsões não têm
credibilidade. Não é a convicção que retira credibilidade às previsões, antes pelo contrário. E, sobretudo, não
são os resultados efetivos, que mostram que as previsões estavam certas, que levam a classificar como
«candura» a forma como as previsões são apresentadas.
A Sr.ª Deputada diz-me que eu não falo no tema da Administração Pública. Sr.ª Deputada, eu tenho não só
o maior respeito pela Administração Pública, como eu própria trabalhei no setor público em toda a minha
carreira não académica há mais de 20 anos. Não só tenho o maior respeito como sou parte dessa
Administração Pública, quadro dessa Administração Pública, que conheço por dentro, com os seus méritos,
com as suas dificuldades, e que nos merece o maior respeito.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!