I SÉRIE — NÚMERO 23
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as pensões, as prestações de desemprego, o abono de família, o rendimento social de inserção e o
complemento solidário para idosos.
Feitas as contas, aos desempregados e às famílias com mais dificuldades, o Governo retira 100 milhões de
euros e à banca pede 30 milhões adicionais de contribuição extraordinária, que nem sequer vão para os cofres
do Estado, ficando à disposição da banca no respetivo Fundo de Resolução.
Um Orçamento que vem dar mais um contributo para engrossar os números do desemprego, com o
despedimento de mais de 12 000 trabalhadores da Administração Pública e a mais encerramentos de serviços
públicos, que são, aliás, essenciais para as populações.
Novos e mais cortes nas políticas sociais, sobretudo na educação e na justiça, o que nos mostra a forma
como este Governo continua a encarar as funções sociais do Estado.
Um Governo que vende tudo o que é de todos. Privatizações ou concessões de todas as empresas
públicas que interessam aos senhores do dinheiro, expurgadas de dívidas, que pagamos todos, e assim
garantir, como convém, o aumento dos lucros de quem vier a ficar com elas. Não admira, por isso, que este
Orçamento apenas tenha o apoio dos partidos da maioria.
Mas o Governo não está isolado apenas na aprovação deste Orçamento. O Governo também está isolado
nas suas previsões demasiado otimistas e que assentam num cenário macroeconómico muito pouco
cauteloso, para não dizer absolutamente irreal. Que o diga a OCDE, o Conselho de Finanças Públicas, o
Conselho Económico e Social ou, mesmo, a Comissão Europeia. Todo o mundo está errado, só o Governo e
os partidos que lhe dão suporte é que estão certos.
E esta certeza levou os partidos da maioria a rejeitar a centena de propostas de alteração que Os Verdes
apresentaram neste Orçamento. A saber: propostas de combate ao empobrecimento dos cidadãos; propostas
para dinamizar a nossa economia; propostas para uma fiscalidade com impacto ambiental; propostas para se
conseguir um novo paradigma em termos de mobilidade; propostas para uma maior e desejável eficiência
ambiental.
A todas estas propostas de Os Verdes os partidos da maioria disseram não, como, aliás, disseram não a
praticamente todas as propostas da oposição. Curiosamente, os partidos da maioria apenas mostraram
abertura para duas propostas com os partidos da oposição, sendo uma delas com o Partido Socialistas para
fazer regressar as subvenções vitalícias para os cargos políticos, que em boa hora, acabou por ser retirada.
Tudo o resto não encontrou qualquer abertura da maioria, desde a eliminação dos cortes salariais e das
pensões, passando pelos incentivos fiscais à utilização de transportes coletivos até à atualização das pensões
mais baixas. Tudo rejeitado.
Srs. Deputados, são opções. É disso que estamos a falar, de opções. Foi uma opção do PSD e do CDS
manter a sobretaxa de IRS para quem trabalha e baixar, de novo, o IRC das grandes empresas. Foi uma
opção dos partidos da maioria favorecer os lucros das grandes empresas, em vez de aliviar a carga fiscal, que
pesa sobre a generalidade das famílias portuguesas. Foi uma opção do PSD e do CDS, como muitas outras
neste Orçamento, não favorecer o crescimento económico nem a criação de emprego, penalizar quem
trabalha, penalizar os pensionista e penalizar quem não consegue arranjar emprego.
É um Orçamento que continua a semear desemprego, precariedade, emigração forçada, exclusão social e
pobreza e, por fim, que reforça a trajetória de empobrecimento do País e dos portugueses.
Para terminar, dizer apenas que os portugueses reclamam, exigem e têm direito a uma política alternativa
que promova a justiça social, impulsione o crescimento, melhore as condições de vida das pessoas, reduza o
desemprego, dinamize o investimento público e a procura interna, porque com este Governo e com este
Orçamento, definitivamente, não vamos lá.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Pelo Bloco de Esquerda, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, permita-me uma primeira nota: hoje, dia 25 de novembro,
Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, prestamos homenagem a todas as vítimas:
34 mulheres assassinadas este ano e até final de outubro. Com a renovação do nosso compromisso na luta