26 DE NOVEMBRO DE 2014
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Concluímos, assim, a votação dos preceitos avocados.
Entretanto, antes de passarmos à segunda fase deste debate, peço ao Sr. Secretário, Deputado Pedro
Alves, para dar conta de um diploma que deu entrada na Mesa.
Tem a palavra.
O Sr. Secretário (Pedro Alves): — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, deu entrada na Mesa, e foi admitida,
a proposta de lei n.º 263/XII (4.ª) — Procede à vigésima primeira alteração ao Código de Processo Penal,
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 78/87, de 17 de fevereiro, à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 299/99, de 4
de agosto, e à quarta alteração ao Decreto-Lei n.º 317/94, de 24 de dezembro, que baixa à 1.ª Comissão.
É tudo, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Peço aos Srs. Deputados o favor de aguardarem um minuto para entrarmos na
segunda fase do debate.
Como sabem, e para esclarecimento do grande público, segue-se agora a fase de encerramento, havendo
intervenções por parte de Deputados dos vários grupos parlamentares e, depois, do Governo.
Pausa.
Antes de passarmos à fase de encerramento, cumprimento o Sr. Primeiro-Ministro e todos os Membros do
Governo, que já se encontram presentes na Sala.
Vou indicar a ordem das intervenções nesta fase de encerramento do debate. A saber: Partido Ecologista
«Os Verdes», Bloco de Esquerda, PCP, CDS-PP, PS, PSD e, finalmente, o Governo.
Pelo Partido Ecologista «Os Verdes», tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente da Assembleia da República, Sr. Primeiro-
Ministro e demais Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O Orçamento do Estado para 2015, que os
partidos da maioria se preparam para aprovar e até, muito provavelmente, para aplaudir, é o primeiro
Orçamento deste Governo sem a sombra da troica. E a expectativa que o Governo foi alimentando, de que,
quando a troica fosse embora, a conversa seria outra, foi, afinal e tão-só, conversa fiada.
A troica foi embora, mas o Governo ficou com as políticas, que continuam presentes em cada opção do
Governo, em cada artigo e em cada alínea deste Orçamento do Estado.
A conversa do Governo do «momento de viragem», da «luz ao fundo do túnel», do «fim do protetorado»,
dos «milagres económicos», dos «relógios a andar para trás» e de tantos «sinais positivos», vemos agora, foi
apenas um pretexto. Foi apenas o pretexto para que o Governo aprofundasse as políticas que provocaram já
um milhão e meio de desempregados; que empurraram para a emigração milhares e milhares de famílias; que
colocaram a fome e a miséria a bater à porta de muitas casas portuguesas; que levaram à destruição da nossa
produção; e que engordaram a dívida para números insustentáveis.
E, se dúvidas houvesse sobre a credibilidade da conversa do Governo, elas ficariam absolutamente
desfeitas com este Orçamento de Estado.
Um Orçamento que, sem troica, prolonga o túnel da austeridade e mantém o relógio a andar para trás nos
sacrifícios impostos aos portugueses, que foram sempre apresentados como provisórios. O maior aumento de
impostos sobre o trabalho de que há memória, obra do Governo PSD/CDS, agrava-se agora com este
Orçamento e com as leis fiscais que o acompanham com novos impostos indiretos que recaem, de novo,
sobre os mesmos.
Um Orçamento que acentua a injustiça fiscal ao voltar a descer, de novo, os impostos das grandes
empresas, levando a que a receita do IRC, no próximo ano, corresponda apenas a 35% da receita do IRS,
quando, por exemplo, em 2008 os impostos das empresas correspondia a 60% do IRS. Feitas as contas, em
2015 as famílias vão pagar mais 2000 milhões de euros de impostos do que este ano e as grandes empresas,
com a diminuição da taxa de IRC, vão pagar menos 800 milhões de euros ao Estado.
Mas as injustiças não se ficam por aqui.
Este Orçamento procede a uma substancial diminuição de transferências para o cumprimento da Lei de
Bases da Segurança Social e a uma quebra na despesa para a generalidade das prestações sociais, incluindo