I SÉRIE — NÚMERO 28
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Eu não vou contar a história, porque ela já foi contada por diversos grupos parlamentares e, agregadas
todas as palavras, ficamos com a história completa. Não vale a pena estar a repeti-la.
Gostaria de reforçar a ideia de que está em causa a preservação de um monumento classificado
Património Mundial da Humanidade. Isto tem um significado e é de uma responsabilidade, não só municipal
mas também nacional, que, reconhecemos, deve chamar todos à colação para o encontro de soluções
relativamente a este património ameaçado.
Por outro lado, trata-se também de promover a desejada e necessária qualidade de vida urbana, neste
caso concreto.
Sr.as
e Srs. Deputados, estamos, portanto, confrontados com um primeiro problema, que é o facto de
termos em Portugal um Ministério da Cultura ausente relativamente às necessidades de preservação do
património, e isso é um pouco visível por todo o País. E a inação relativamente à preservação de património
como o Mosteiro da Batalha é, na nossa perspetiva, algo absolutamente inaceitável. Um investimento desta
ordem, um investimento cultural ao nível nacional que chama também muita potencialidade económica, não é
um investimento desprezível.
Esta é a primeira questão para a qual gostaríamos de chamar a atenção, um primeiro problema com o qual
estamos confrontados. É preciso abanar o Ministério da Cultura e chamar o Governo à sua responsabilidade.
O segundo problema, já aqui focado por todos os Srs. Deputados, tem a ver com a questão da Estrada
Nacional n.º 1, do intenso trânsito que ela comporta e de uma alternativa à A19, que não é alternativa
rigorosamente nenhuma. Todos aqui perceberam porquê. Por causa da introdução de portagens.
Mas isto também se vê um pouco por todo o País, designadamente no Algarve. Não é verdade, Srs.
Deputados?
Ou seja, face às dificuldades económicas que as pessoas e as micro, pequenas e médias empresas
atravessam, a introdução de portagens arreda as pessoas destas vias e, pura e simplesmente, põe o trânsito a
passar no meio das cidades e das vilas, com problemas de segurança, com problemas de poluição, com
problemas ambientais, de ruído, etc., extraordinariamente graves. É isso que aqui se passa.
Ora, se esse é o cerne do problema, a resposta imediata será necessariamente a extinção das portagens.
Essa é a resposta que todos aqui percebem que é a necessária. Não se trata de construir uma variante, pois
ela já existe, tem é um problema associado e que é preciso retirá-lo. Eliminar as portagens é uma resposta
fundamental.
Os Srs. Deputados da maioria não querem chegar tão longe, não querem eliminar as portagens e falam na
modulação. O PSD fala na modulação das portagens no preâmbulo do projeto. Bom, Sr.as
e Srs. Deputados,
qual é o problema? A Sr.ª Deputada Conceição Pereira também falou, na intervenção, da modulação das
portagens. Quem a ouvisse diria assim, quando fosse votar: «Eles vão votar a modulação das portagens».
Errado, porque na parte resolutiva do projeto do PSD, que é o que votaremos na próxima sexta-feira, não se
encontra rigorosamente nada sobre as portagens.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino já, Sr.ª Deputada.
Ou seja, encontrámos o problema, todos concordámos, a Câmara concorda e ninguém… aliás, ninguém
não, porque tenho de fazer justiça ao Bloco de Esquerda. Encontrámos o problema, todos concordámos, a
Câmara concorda, mas o PSD não propõe a modulação das portagens e, nesse caso, temos um problema.
O que é que solicito? Solicito ao PSD que faça um remendo ao seu projeto…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Nós não fazemos remendos. Nós não remendamos!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … e introduza na parte resolutiva aquilo que a Sr.ª Deputada
disse: modulação das portagens.
Aplausos do PCP.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Nós não fazemos remendos! Nós não remendamos!