11 DE DEZEMBRO DE 2014
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aumentado, e bem. Daí que a resposta que se tem encontrado seja não só reforçar os meios nas escolas,
como recorrer às instituições como centros de recursos para a inclusão.
No entanto, sabemos todos muito bem que também este recurso não tem sido suficiente. Há apoios que
não são dados convenientemente, há terapias que não são prestadas e há um número considerável de
reclamações que revelam a insatisfação das famílias.
Se a solução de todos estes problemas, pensando exclusivamente nas crianças e nos jovens, fosse o
subsídio de educação especial, esta seria uma boa notícia e seria simples de resolver. Mas a solução vai
muito para além do subsídio de educação especial.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Ora bem!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — O subsídio de educação especial, em todo este processo, tem
e deve continuar a ter um papel supletivo. O que é urgente rever, implementar e exigir é que seja otimizada a
capacidade do Estado na educação, na segurança social e, essencialmente, na saúde, com os apoios das
instituições sem fins lucrativos.
O protocolo que hoje discutimos foi alargado a todo o País para garantir que este subsídio seja entregue
com mais rigor, para que não haja sobreposição de apoios e para garantir que os recursos do Estado sejam
otimizados. Concordamos, por isso, com esta medida.
O grupo de trabalho nomeado pelo Governo, assim como o relatório do Conselho Nacional de Educação,
concluíram exatamente a mesma coisa: é necessária a articulação entre os diferentes ministérios, sinergias e
preencher as lacunas da legislação para que todos os alunos com necessidades educativas especiais que
tenham dificuldades transitórias ou que tenham dificuldades pedagógicas sejam contemplados e não apenas
os que têm necessidades permanentes. Para isso é fundamental que a saúde, o Serviço Nacional de Saúde,
faça parte da resposta.
No caso de o Serviço Nacional de Saúde não ter resposta, ou não ter convencionado acordos com
terapeutas e outras entidades, devem ser as IPSS, que fazem parte do Estado social e que têm um historial
considerável nesta matéria, que devem ir onde o Estado não consegue chegar e não as empresas privadas.
Obviamente que não questionamos os diagnósticos apresentados pelas reclamações que recebemos, nem
é isso que está em causa. O que achamos é que esses apoios pedidos pelos médicos devem ser prestados,
em primeira instância, pela estrutura que o Estado tem à sua disposição, nomeadamente pelo Serviço
Nacional de Saúde.
Sim, é urgente que a legislação seja melhorada para que as regras sejam conhecidas e para que os apoios
cheguem, de facto, a quem deles necessita, mas, repito, não é no subsídio de educação especial que está a
resposta. A resposta está nas sinergias e na inclusão da saúde como parte vital desta articulação.
Nas próximas semanas, o Governo irá tornar públicas as propostas de alteração à legislação em vigor e
confiamos que serão no sentido de concretizar estes objetivos.
Muitas correções devem ser feitas e existem muitas famílias ainda desprotegidas. Reconhecemos e
trabalhamos para colmatar essas falhas, mas reclamar que o protocolo é a raiz de todos os males é discutir ao
lado do essencial.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado Luís Fazenda, tem a palavra para uma intervenção.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: Discutir ao lado do
essencial é discutir o ensino especial e o subsídio de educação especial.
O subsídio de educação especial é uma prestação social. Não estamos hoje aqui a discutir o ensino
especial e o que o Governo está a fazer é a retirar uma prestação social. Este é que é o ponto. O Ministro
Mota Soares deu instruções, no âmbito do Governo, para ir cortando uma prestação social e é essa prestação
social que estamos a discutir que o Governo decidiu tirar. A pretexto de quê?
A Sr.ª Deputada disse-o aqui: de evitar os abusos, de evitar atribuições não rigorosas — um fantasma! É
que a fraude, onde quer que ela exista, combate-se, mas não se elimina o direito, a prestação. E o que se