19 DE DEZEMBRO DE 2014
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A Sr.ª Presidente: — Passamos às perguntas dirigidas à Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças.
Tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra da Justiça… Perdão, Sr.ª Ministra das
Finanças. Podia ser a Sr.ª Ministra das injustiças, mas neste caso é a Sr.ª Ministra das Finanças.
A Sr.ª Ministra falou com desdém de 1975 e daquilo que foram as conquistas da Revolução para o nosso
povo.
Sabe, Sr.ª Ministra, uma das muitas diferenças é que, em 1975, os bancos foram nacionalizados e postos
ao serviço do País; em 2014, os banqueiros, a quem os senhores entregaram esses bancos, são hoje
responsáveis pelo colapso da banca e são arguidos em processos-crime. Essa é uma das muitas diferenças!
Aplausos do PCP.
Disse a Sr.ª Ministra das Finanças, na intervenção, que todos queremos um País com mais justa
distribuição da riqueza. A vossa política e as vossas opções falam contra essa afirmação.
A Sr.ª Ministra tem de responder hoje, neste Plenário, é aos portugueses que têm a sua vida arruinada por
força das vossas opções, exatamente contrárias a essa sua afirmação.
Os senhores hoje têm de responder àqueles portugueses que, em 2015, vão ter mais cortes nos salários,
enquanto assistem à concessão de mais benefícios fiscais aos grandes grupos económicos.
Os senhores hoje têm de responder aos 2,4 milhões de portugueses empurrados para a pobreza, a quem
cortaram prestações sociais, ao mesmo tempo que reduzem os impostos às grandes empresas, porque são
essas que têm lucros, são essas que pagam IRC, e não as micro, pequenas e médias empresas, esmagadas
pela política do Governo e que nem lucros conseguem ter.
O Sr. David Costa (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Os senhores hoje têm de responder aos desempregados que têm uma
perspetiva dramática para o seu futuro, porque os senhores cortaram-lhes o subsídio social de desemprego
para garantirem, por via da segurança social, a transferência de dinheiro diretamente para os lucros das
empresas.
Os senhores hoje têm de responder aos portugueses que defendem os serviços públicos, que defendem as
empresas públicas, contra a vossa sanha privatizadora, enquanto os senhores continuam a entregar
património do Estado, património que é de todos os portugueses, para satisfação dos interesses de uma meia
dúzia de grupos económicos e financeiros que acumulam milhões e milhões de euros de lucros que deviam
reverter para o País e estar ao serviço do nosso desenvolvimento.
É a tudo isso que a Sr.ª Ministra hoje tem de responder.
Sabe que mais, Sr.ª Ministra? Olhe para o peso cada vez mais reduzido dos salários face aos rendimentos
do capital, olhe para os 2,4 milhões de pobres que os senhores criaram, olhe para os 77% de desempregados
que não têm subsídio de desemprego e a Sr.ª Ministra vai perceber exatamente o contrário daquilo que disse.
Os senhores não têm preocupações com a justiça na distribuição da riqueza, estão a criar um País cada
vez mais desigual e cada vez mais injusto e é por isso que os portugueses hão de derrotar-vos.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do CDS-PP.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças, agora, que já
ouvimos muitas afirmações, sem dúvida, populares para não dizermos demagógicas, mas em que a
coincidência com a realidade é, de facto, isso mesmo, uma mera coincidência, porque na maior parte dos
casos trata-se de afirmações taxativamente falsas cujos dados que as desmentem poderei aqui citar, gostava
que a Sr.ª Ministra nos esclarecesse sobre algumas questões que dizem diretamente respeito à fiscalidade.