8 DE JANEIRO DE 2015
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A Sr.ª Presidente: — Muito obrigada, Sr. Deputado Rui Barreto.
Conclui-se aqui a declaração política do CDS desta tarde.
A próxima declaração política, do PCP, será proferida pela Sr.a Deputada Paula Santos.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr.a Presidente, Srs. Deputados: O ano de 2015 inicia-se num momento de
profunda degradação da situação política, económica e social do País.
Ao contrário do fim das nuvens negras, anunciado pelo Primeiro-Ministro, o novo ano não trará vida nova
mas, sim, mais exploração e empobrecimento dos trabalhadores, mais desemprego, emigração e
desigualdades, e mais dificuldades no acesso a direitos fundamentais.
PSD e CDS-PP insistem em iludir o povo com mentiras e mistificações, insistem na tese da saída limpa da
troica ou da recuperação económica, mas o que é real é que hoje os trabalhadores, os reformados e o povo
vivem pior e que a política da troica se mantém, como consta das medidas inscritas no Orçamento do Estado.
Ao contrário dessas falsas promessas e anúncios, o que o Governo PSD/CDS reservou para os
portugueses em 2015 são mais dificuldades na vida de quem trabalha.
O início do ano aí está a confirmar isso mesmo: aumento da carga fiscal sobre os trabalhadores e o povo;
despedimentos na Administração Pública; novos cortes na educação, na saúde e no poder local; continuação
das privatizações de empresas estratégicas como a TAP.
É esta vida velha que o Governo PSD/CDS tem para oferecer aos portugueses no ano novo, a confirmar
que não há remendo que valha à política de direita. Sem derrotar este Governo e a política de direita que
executa, não há solução para os problemas nacionais.
Sr.a Presidente e Srs. Deputados: O ano 2014 chegou ao fim deixando claro o quadro de degradação
social, económica e política a que a política de direita tem conduzido o País e a vida nacional.
Foram trazidos a público novos casos de crimes económicos, fuga e branqueamento de capitais, gestão
danosa, fraude e corrupção, que são consequência direta da política de direita, como comprovam os vistos
gold, apadrinhados por Paulo Portas, ou o escândalo do BES/GES.
O que o Governo prepara para 2015 é mais do mesmo.
Os trabalhadores da Administração Pública terão novos cortes nos salários, nas pensões e mais
despedimentos. Dos 12 000 trabalhadores que o Governo quer agora despedir da Administração Pública,
juntando-se aos 80 000 que saíram desde 2011, há 700 trabalhadores da segurança social na linha da frente
para o despedimento através da requalificação. Sem pudor, em vésperas de ano novo, o Governo divulgou a
lista com os nomes dos trabalhadores a despedir. Não se conhece nenhum argumento válido para esta
decisão. Estes trabalhadores desempenham funções permanentes na segurança social e de uma enorme
relevância no apoio à infância ou aos idosos, pelo que o seu despedimento só se explica com a estratégia do
Governo de destruição dos serviços públicos e das funções sociais do Estado.
No que respeita à segurança social, o Governo insiste no mesmo caminho de degradação das pensões e
cortes nas prestações sociais. Às mais de 600 000 crianças a quem foi cortado o abono de família o Governo
acrescentou entretanto mais 1700, só entre outubro e novembro.
Quanto ao desemprego, os últimos dados oficiais dizem-nos que este aumentou, com mais 30 000
trabalhadores no desemprego em comparação com o período homólogo e a destruição de mais 25 300 postos
de trabalho.
Esta ruína para a vida dos trabalhadores contrasta com os privilégios e benefícios aos grandes grupos
económicos e financeiros.
Para alimentar a insaciável gula dos especuladores e dos agiotas, que acumulam riqueza à custa dos
rendimentos do trabalho e do saque dos recursos públicos, 2015 inicia-se com o processo de privatização da
TAP em curso. Privatizar a TAP, uma empresa pública de um setor estratégico da nossa economia, é
criminoso do ponto de vista político e económico. A TAP deve estar ao serviço dos portugueses e do interesse
nacional, sob controlo público e não de um qualquer grupo económico.
Noutro plano, constata-se que, se o início deste ano letivo foi um desastre, há problemas que continuam a
não estar resolvidos. No primeiro dia de aulas em 2015, cerca de 700 alunos com necessidades especiais não
tiveram aulas. O que se passou não é mais do que o reflexo do desinvestimento na escola pública e da opção