15 DE JANEIRO DE 2015
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Protestos do CDS-PP.
Olhemos para a política de natalidade desta maioria, que começou em 2011: a emigração, o aumento do
desemprego, o corte dos salários, o aumento do horário de trabalho, o corte dos feriados, a diminuição dos
direitos laborais, a dificuldade no acesso à saúde, a degradação do acesso à educação. Tudo isto, Sr.ª
Deputada, afeta as famílias portuguesas! Portanto, quando o CDS fala de famílias é bom ter presente tudo
aquilo — e foi muito, infelizmente — que fizeram de mal às famílias portuguesas nestes últimos anos.
O CDS e o PSD degradaram, objetivamente, a vida das famílias portuguesas nestes três anos e não é com
pequenas migalhas, que são, sobretudo, para as famílias de mais altos rendimentos, que vão corrigir o mal
que fizeram às famílias portuguesas. Esse mal, Sr.ª Deputada, não será apagado por esta reforma do IRS.
Sr.ª Deputada, o que é que o CDS diz às mais de 30 000 famílias que perderam o acesso ao rendimento
social de inserção? O que é que o CDS diz às mais de 40 000 crianças que perderam o acesso ao RSI? O que
é que o CDS diz a todas essas famílias? Diz que vai continuar a piorar a vida dessas famílias, porque neste
Orçamento do Estado dizem que vão cortar mais 100 milhões de euros de prestações sociais, o que vai afetar,
sobretudo, crianças e famílias.
Portanto, quando o CDS fala de famílias é bom que tenha em mente todas as famílias e não apenas
algumas.
Quando olhamos para o IRS, há mais de 50% de portugueses que não pagam IRS, portanto, uma política
de natalidade centrada no IRS excluí, logo à cabeça, 50% das famílias. Mas aos 50% dos portugueses que
pagam IRS o que o CDS lhes tem a dizer é: «Nós apoiaremos tanto mais quanto mais dinheiro tiverem».
A Sr.ª Deputada deu aqui exemplos. Permita-me que dê também alguns.
Primeiro exemplo: um casal com um filho e com 2000 € de rendimento mensal verá a sua coleta descer
294 € por filho. O mesmo casal, exatamente o mesmo casal, que tenha o dobro do rendimento, ou seja, 5000
€, verá a sua coleta descer 600 €. Portanto, um filho de um rico vale mais do que um filho de um pobre.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado, queira concluir.
O Sr. João Galamba (PS): — Vou já terminar, Sr.ª Presidente.
Segundo exemplo: um casal com dois filhos, com 2000 € de rendimento, verá a sua coleta descer 294 €
por filho, mas o mesmo casal, com 5000 € de rendimento mensal, verá a sua coleta descer 625 € por filho.
Sr.ª Deputada, para o Partido Socialista, um filho de um rico vale o mesmo que um filho de um pobre. O
Estado deve tentar fazer políticas de natalidade que beneficiem todos, sobretudo aqueles que mais precisam.
Infelizmente, o que a maioria CDS e PSD têm a dizer é exatamente o contrário, e isso é absolutamente
inaceitável, sobretudo num cenário de pobreza, de corte de rendimentos e de desmantelamento do Estado
social. Com o Partido Socialista esta política não irá continuar. Esperávamos que um partido supostamente
inspirado na democracia cristã percebesse isto.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Pedia aos Srs. Deputados o favor — e peço desculpa pela expressão — de não
abusarem da generosidade da Mesa em relação aos tempos. Isto é dirigido a todos os Deputados que
intervêm, não só ao Sr. Deputado João Galamba.
Tem agora a palavra o Sr. Deputado Duarte Pacheco.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Cecília Meireles, felicito-a por trazer a esta
Casa algo que não é política-politiquice, mas é um tema que diz respeito à vida das pessoas e que preocupa
as famílias dos muitos e muitos portugueses que, por força desta medida governamental, vão ver o seu
rendimento melhorado. Não é matéria que aqui deva ser alvo só de chicana política, como muitas vezes são
as declarações dos partidos da oposição, mas é matéria que diz respeito ao dia a dia dos cidadãos, e isso
merece a nossa consideração.
Sr.ª Deputada, tenho duas perguntas para lhe colocar. A primeira é se considera que os sacrifícios que
foram pedidos aos portugueses ao longo destes últimos três anos resultam da responsabilidade desta maioria