29 DE JANEIRO DE 2015
23
melhorar o seu perfil de risco. Mas note-se que as empresas portuguesas que têm menos risco financiam-se
hoje como alguns Estados não conseguem fazê-lo. A economia portuguesa cria emprego e diminui o
desemprego.
Mas, Sr.ª Presidente, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados, tudo isto não se deveu ao acaso; resultou da firme
determinação de um Governo e de uma maioria e resultou do trabalho e do empenho dos portugueses, das
empresas, dos empresários e dos trabalhadores.
Seguimos uma estratégia, apostando em fundações sólidas e duradouras para o crescimento. E temos hoje
um grau de confiança e de credibilidade decorrentes das políticas que seguimos sem ziguezagues e sem
tiquetaques.
Estes resultados são objetivos, estão comprovados e são reconhecidos por muitos. São bons para os
portugueses e, por isso, são bons para Portugal.
Do lado do Partido Socialista, segundo as previsões que foram fazendo ao longo destes três anos e meio,
as intenções e as previsões do Governo eram irrealistas, inatingíveis e insuportáveis.
O propósito do PS foi sendo coerente: eleições antecipadas e novo resgate. Chegaram a ouvir-se vozes no
PS a proclamar «não pagamos!». E, perante os resultados positivos, entram em negação.
Suportamos e habituámo-nos a um PS não cooperante e insatisfeito com resultados positivos.
O que não suportamos é a ofensa que dirigem aos portugueses, às empresas e aos empresários que se
empenharam no esforço que inverteu a situação dramática que herdámos em 2011.
Sr.ª Presidente, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: Com total respeito pela decisão eleitoral dos nossos
concidadãos gregos, quero afirmar que o que nos separa das circunstâncias da Grécia é o facto de não termos
feito o que o Partido Socialista queria para Portugal — ou talvez para o PS — durante o período de assistência
financeira.
Foi por isso que «virámos a página». E «virámos a página» no quadro europeu, integrados numa Europa
em que acreditamos e que queremos aprofundar.
As novas oportunidades para este velho continente são os desafios que se nos colocam e a forma como
demonstrarmos capacidade para, em conjunto, os superar. Desafios que, pela sua natureza, apelam à maior
integração e, pela relevância, apelam à rapidez na sua concretização.
A integração efetiva e concertada é, simultaneamente, a origem e o futuro do projeto europeu em que
acreditamos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para fazer pedidos de esclarecimento, os Srs. Deputados Eduardo
Cabrita, do PS, Pedro Filipe Soares, do BE, Hélder Amaral, do CDS-PP, e Paulo Sá, do PCP.
A Sr.ª Deputada Teresa Leal Coelho, entretanto, informou a Mesa que responderá a conjuntos de duas
perguntas.
Tem a palavra o Sr. Deputado Eduardo Cabrita.
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. ª Deputada Teresa Leal Coelho, devo dizer-lhe, com
toda a amizade, que ouvi com atenção a declaração política que proferiu em nome da bancada do PSD. Aquilo
que esperava hoje ouvir era a marca de quem acredita em Portugal e na Europa e esperava, da sua parte, um
momento de redenção, em que compreendesse ser necessária uma grande convergência nacional que
permitisse infletir estes anos de tragédia para Portugal e de quase destruição do projeto europeu.
Mas, infelizmente, aquilo que aqui nos trouxe foi não diria um conto de crianças, mas algo em estilo de
fábula que disfarça o filme de terror que quer o projeto europeu quer o País têm vivido.
Não sei em que País tem estado a viver. Este País tem hoje, após três anos de recessão, um sentimento
de desespero de toda uma geração, a geração mais qualificada, que, pelo Governo, pelo seu Primeiro-
Ministro, é empurrada para a emigração. É um País que tem hoje uma dívida pública, divulgada na semana
passada, que está em 131,4%, segundo os dados do Eurostat, isto é, quase 40% a mais do que aquilo que
existia em 2010.
Este País está hoje marcado pela angústia e pela falta de expectativa das famílias, dos empresários, de
todos aqueles que precisam de esperança e de confiança para criar riqueza e que, hoje, permitiram a