I SÉRIE — NÚMERO 42
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existência de um grande consenso nacional, no Conselho Económico e Social, na opinião pública, e que
significa que é preciso dar uma prioridade à dimensão do investimento, do crescimento. Isso une todos na
concertação social.
Isolado está um Governo extremista. Nesse sentido, pergunto qual é o papel do PSD relativamente ao
desafio do Dr. Silva Peneda, que diz ser fundamental uma convergência, uma aliança dos países que
acreditam no papel do investimento, no papel da inovação, contra uma ortodoxia europeia ao continuar neste
extremismo.
Qualquer medida do Banco Central Europeu tem sempre Passos Coelho a fazer contramaré. Qualquer
iniciativa nova, pondo na agenda o investimento, incluindo o investimento público, da nova Comissão Juncker
tem sempre Portugal do lado errado da história.
É esta história de terror que une os portugueses, hoje. É necessário «virar a página» por Portugal e pela
afirmação de uma Europa de solidariedade, de coesão e de desenvolvimento, em que o perigo está nas
extremas-direitas, nos mercados ocultos e não naqueles que, como nós, acreditam na Europa como projeto de
democracia, de liberdade e de solidariedade.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para fazer a próxima pergunta, o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Teresa Leal Coelho, confesso que
quando, na parte final da sua intervenção, abordou o tema relativo às eleições na Grécia esperara que
«emendasse a mão» do Primeiro-Ministro. Era, de facto, uma expetativa que eu tinha.
Esperava que a Sr.ª Deputada dissesse, até segundo o seu pensamento, que, face a uma decisão do povo
grego através de uma expressão notável da sua vontade para o futuro, a democracia deveria imperar e que o
Governo português não deveria remar contra a democracia num outro Estado-membro da União Europeia.
Mas foi isto que a Sr.ª Deputada disse.
Esperava também que, seguindo o raciocínio de quem respeita a democracia e de quem percebe que
quando um povo se cansa de ser sacrificado em nome dos mercados financeiros e, por isso, isso diz «basta,
queremos uma outra política», pudesse transpor para Portugal aquilo que tem sido aplicado na Grécia. É que
a austeridade também bateu à porta dos gregos e foi exatamente com essa porta que eles disseram que não
queriam novamente ser confrontados.
Quando transpomos para Portugal essas verdades vemos, por um lado, que o Governo português está
sempre do lado daqueles que não querem nenhuma mudança na política europeia, mesmo que ela vá contra
os interesses do nosso País, mesmo que ela vá contra os interesses do nosso povo.
Olhamos para o nosso País e constatamos que o Governo diz «não, não queremos ter alternativa à
austeridade, porque, nós, de facto, o que queremos é austeridade». Esperava que a Sr.ª Deputada fizesse
alguma mea culpa nesta matéria. Veremos o que é que a Grécia nos traz.
Creio que teremos toda a abertura para discutir qual será o «virar de página» em relação a cada uma das
políticas aplicadas na realidade.
Mas há uma verdade que já podemos hoje colocar em cima da mesa. É que a esperança venceu a
austeridade, a esperança venceu a chantagem daqueles que são submissos aos mercados e, por isso, um dos
derrotados é também Pedro Passos Coelho.
Pergunto, então: de que lado está a Sr.ª Deputada? Do lado daqueles que respeitam a democracia? Do
lado daqueles que percebem que um povo sacrificado deve levantar-se contra a austeridade que lhe é imposta
ou do lado daqueles que são submissos, como o Governo português e como Pedro Passos Coelho, que dizem
«não, não queremos mudar nada, o que queremos é continuar a sacrificar o nosso País»?
Se a sua resposta for pelo segundo diapasão, na prática o que vemos é que toda a sua intervenção foi de
mera propaganda, que não houve uma aprendizagem, não houve um reconhecimento dos erros, não houve
sequer o reconhecimento dos sacrifícios que o povo português passou e de como não deve continuar por este
caminho.
Protestos do CDS-PP.