29 DE JANEIRO DE 2015
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Eduardo Ferro Rodrigues; o rendimento social de inserção e o complemento solidário para idosos, em 1997 e
2006, instrumentos de combate à pobreza e à exclusão social que tiveram efeitos nunca antes alcançados na
proteção social dos mais pobres — eram então Ministros Ferro Rodrigues e Vieira da Silva; o início da
obrigatoriedade dos protocolos de cooperação, em 1999 — era Ministro Ferro Rodrigues.
Recordo também: o alargamento da rede de equipamentos sociais, sendo que os momentos de maior
crescimento da rede de equipamentos sociais em Portugal, ligada ao aumento da cooperação, foram em 1995,
com o lançamento da rede de pré-escolar público, e em 2006, com o Programa de Alargamento da Rede de
Equipamentos Sociais (PARES) — eram Ministros Ferro Rodrigues e Vieira da Silva; a Rede Nacional de
Cuidados Continuados, em 2006 — eram Ministros Correia de Campos e Vieira da Silva.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Esses, sim!… Os que levaram o País à bancarrota é que são bons!
A Sr.ª Catarina Marcelino (PS): — Os factos que acabo de citar tornam muito claro que a relação entre o
Estado e o terceiro setor é uma relação que se tem aprofundado e construído ao longo do tempo. É uma
relação baseada numa confiança e maturidade crescentes, é uma relação que testemunha a evolução da
cooperação entre o Estado e as IPSS, numa consequência direta do aumento das respostas e dos direitos
sociais na nossa sociedade.
O Decreto-Lei em apreciação é assim, e apenas, mais uma peça nesta já longa história de partenariado
entre o Estado e as instituições de solidariedade social.
Sr.as
e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, em segundo lugar, a alteração aos Estatutos das IPSS
devia ter permitido um amplo debate público, desde logo com as instituições de solidariedade social de norte a
sul do País, com as autarquias e com as redes sociais locais. O respeito pela relação de parceria que se foi
construindo ao longo tempo exigia esse debate.
Este momento é, assim, uma oportunidade para podermos discutir de forma aberta e transparente,
envolvendo as instituições e a sociedade, e tendo em conta o histórico da evolução da legislação e dos
compromissos assumidos, esta alteração ao Estatuto das IPSS.
As propostas de alteração que o PS apresenta procuram corrigir contradições do diploma do Governo,
como as incongruências relativamente ao papel da tutela, aumentar a transparência e o rigor do que deve ser
a relação entre o Estado e as instituições e introduzir aspetos de inovação e adaptação do Estatuto das IPSS
que data da década de 80.
Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, em terceiro e último lugar, para o Partido
Socialista é muito claro e é fundamental que não se confunda, em nenhum momento, o aprofundamento da
relação e da cooperação com desresponsabilização do Estado das funções sociais a que está constitucional e
legalmente obrigado. Não se confunda, assim, neste debate parceria com desresponsabilização, autonomia
com falta de rigor, novo paradigma com retrocesso.
Este pedido de apreciação parlamentar do PS e as propostas de alteração que vamos apresentar abrem o
debate. Esperamos que do debate possa sair uma alteração ao Estatuto das IPSS mais participada, mais
rigorosa, mais capaz de reforçar as respostas e a eficácia do Estado social.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado David Costa.
O Sr. David Costa (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: O Decreto-
Lei que hoje aqui apreciamos, da autoria do Governo PSD/CDS, altera o Estatuto das IPSS e revela bem o
que esta política de direita quer fazer do Estado e ao Estado.
Com este Decreto-Lei, o PSD e o CDS vêm criar condições de governamentalização dos princípios de ação
das instituições sem ter em conta a sua diversidade de campos de ação, transmitindo responsabilidades cuja
competência é do Estado, nomeadamente das suas funções sociais, para as instituições particulares de
solidariedade social, ao arrepio da Constituição.
Para que fique bem claro, nada move o PCP contra o trabalho meritório destas instituições, bem pelo
contrário.