30 DE JANEIRO DE 2015
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A Sr.ª Isilda Aguincha (PSD): — Os Verdes, tal como outras forças políticas, assumem-se contra a PACC
chamando-lhe eliminatória, mas nós não. Para além disso, acusam o Governo de lançar uma suspeita em
torno da qualidade da escola pública e dizem que a PACC constitui uma limitação abusiva no acesso ao
emprego público de docentes.
Pese embora o PCP e Os Verdes não concordem com isso, o Estado, que somos todos nós, não é
obrigado, nem está obrigado, a contratar todos. Repito: o Estado, que somos todos nós, não está obrigado a
contratar todos.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — É verdade!
A Sr.ª Isilda Aguincha (PSD): — Este Governo tem implementado um conjunto de medidas que visam a
credibilização, a qualificação e a exigência da escola pública, mesmo com ou sem o sorriso do Partido
Socialista, que outrora quis a PACC, ou outra prova, e hoje já não quer. Aliás, como no caso da
descentralização, que umas vezes quer e outras não quer. Portanto, vamos, hoje, ouvir o que o Partido
Socialista tem a dizer sobre a PACC, que regulamentou, instituiu mas não implementou.
O PCP afirmou a sua total oposição a qualquer prova de acesso à carreira, o que não é novidade. Tal como
não é novidade o uso de expressões fortes como «humilhação» — incluiu esta expressão no seu projeto de lei
sobre esta matéria. Humilhação, Sr.as
e Srs. Deputados? Será que as nossas crianças e jovens — os homens
e as mulheres de amanhã — não vão ter acesso a uma escola pública de qualidade, àquela por que todos
temos lutado?
Valorizar a escola pública é credibilizar os professores, o que é imperioso. E também é imperioso pensar
no agora e, acima de tudo, pensar no futuro.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Os senhores não têm feito isso!
A Sr.ª Isilda Aguincha (PSD): — A PACC, que resulta da tal regulamentação legal do Partido Socialista, é
uma prova de acesso à profissão, é uma prova que os senhores contestam mas que nós assumimos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Agostinho
Santa.
O Sr. Agostinho Santa (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: No que respeita à prova de
avaliação de conhecimentos e capacidades, objeto dos projetos de lei em discussão, o PS tem mantido uma
atitude coerente e responsável.
Desde logo, e como tese essencial, situa o pecado capital na forma desajustada, precipitada e mal definida,
para não dizer canhestra — embora já o tivéssemos dito antes —, como o assunto tem sido tratado por este
Governo.
Não se refugiem na desculpa de que o problema radica e persiste desde 2007. Realmente, o Governo do
PS inscreveu em lei a referida prova. Fê-lo, no entanto, mais como um elemento de um processo de
qualificação e de avaliação de professores centrado na escola e num contexto de exercício da docência.
Reforçando esse aspeto, alterou a solução normativa enquadradora da prova para efetiva ligação ao
desempenho profissional.
O atual Governo, ao fim de dois anos e meio de inércia, em que não curou de fazer o trabalho de
fundamentação, sem procurar o envolvimento dos protagonistas educativos, veio impor, à sua revelia, uma
prova que, na sua matriz de aplicação, passou a ser usada para um fim diferente daquele para que foi
originalmente criada.
Aí temos o fenómeno que é apenas reconhecido por esta maioria como virtuoso espécime, cada vez mais
arrasado nos seus pressupostos e concretas implicações, por professores, suas associações, instituições de
formação, agentes educativos e, com reforço de impacto destrutivo, por insuspeitas entidades, como o
Conselho Científico do Instituto de Avaliação Educativa e a Provedoria de Justiça.