19 DE FEVEREIRO DE 2015
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Portanto, apesar de todas as medidas de liquidez que a União Europeia tem tomado por via do Banco
Central Europeu, das hipóteses que vêm no plano Juncker, dos programas operacionais que ainda, muitos
deles, nem sequer estão terminados, quando ainda não se conseguiu executar o quadro comunitário anterior,
e apesar das promessas do banco de fomento, o que é facto é que é necessário fazer transpor essa
capacidade de financiamento para a economia real.
Apresentámos propostas claras, propostas realistas. Os senhores acusam-nos de não ter propostas, mas
quando as apresentamos não as discutem, tentam minimizá-las ou tentam ir buscar o IRC, matéria em que
quem quebrou o compromisso foi o Governo, foi o PSD e foi o CDS-PP.
Aplausos do PS.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, gostaria de não exceder tanto o meu tempo como foi excedido na
intervenção anterior, mas queria dizer-vos apenas que, efetivamente, é necessário haver confiança. Confiança
é a palavra de ordem e que pensamos ser essencial. É necessária confiança no futuro de Portugal e também
em novas políticas na Europa. É preciso confiança na existência de um novo Governo. Infelizmente, vamos ter
de esperar mais oito meses até que esse momento chegue.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, está concluído o debate de urgência, requerido pelo PS, sobre
anemia do investimento, estagnação da economia e crise social. Cumprimento os Srs. Membros do Governo
que estiveram presentes e os que estão, agora, a tomar assento para intervirem no próximo debate.
Vamos prosseguir com o próximo ponto da ordem do dia, que consiste no debate conjunto, na
generalidade, da proposta de lei n.º 278/XII (4.ª) — Procede à segunda alteração ao regime que cria a
contribuição extraordinária sobre o setor energético, aprovado pelo artigo 228.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31 de
dezembro, e do projeto de lei n.º 779/XII (4.ª) — Altera o Regime que cria a Contribuição Extraordinária sobre
o Setor Energético (PCP).
Para apresentar a proposta de lei, dou já a palavra ao Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território
e Energia.
Sr. Ministro, tem a palavra.
O Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia (Jorge Moreira da Silva): — Sr.ª
Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A proposta de lei, que hoje discutimos, de alteração à Contribuição
Extraordinária sobre o Setor Energético vem alargar ao setor do gás o corte nas rendas excessivas, já
concretizado na área da eletricidade.
Recorde-se que, em 2013 e em 2014, aprovámos dois pacotes de redução das rendas excessivas em 3400
milhões de euros, que evitou que se tivessem de aumentar as tarifas em 12% a 14% e se limitasse esse
aumento anual de 1,5% a 2% e, dessa forma, se assegurasse a redução da dívida tarifária de 6000 milhões de
euros, previstos para 2020, para um valor na ordem de 600 a 1000 milhões de euros.
Adicionalmente, aplicamos, em 2014 e em 2015, uma contribuição extraordinária sobre o setor energético,
incidindo sobre ativos de eletricidade, gás e combustíveis líquidos, cobrando 150 milhões de euros por ano às
empresas da área da energia, sem possibilidade de repercussão nos consumidores. Dois terços da receita
destina-se ao Orçamento do Estado de 2014 e de 2015, convocando as empresas para um esforço de
ajustamento orçamental mais equitativo e um terço da receita alocado à redução da dívida tarifária na
eletricidade.
Mas, como sempre dissemos, energia não é eletricidade e, por isso, em maio de 2014, num contexto
temporal e conceptual pós-troica, apresentámos um terceiro pacote de reformas e de cortes na área da
energia, alargado a todo o setor energético e não apenas ao da eletricidade, e alocando os benefícios dos
cortes não tanto à eliminação mais célere da dívida tarifária mas, antes, à redução de preços aos
consumidores. Este terceiro pacote tem vindo a ser concretizado de uma forma célere e eficiente, tal como os
dois anteriores, apesar da complexidade técnica e jurídica e da evidente e previsível contestação dos
afetados.