19 DE FEVEREIRO DE 2015
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apesar das naturais diferenças partidárias, todos se coloquem ao lado do Governo e dos consumidores
portugueses.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente António Filipe.
O Sr. Presidente: — A Mesa regista duas inscrições para pedidos de esclarecimento ao Sr. Ministro, que
informará sobre a forma como pretende responder. Os pedidos de esclarecimento são do Sr. Deputado
Fernando Serrasqueiro, do PS, e da Sr.ª Deputada Vera Rodrigues, do CDS-PP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Serrasqueiro.
O Sr. Fernando Serrasqueiro (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro, traz-nos, hoje, o
alargamento da contribuição extraordinária, através de uma proposta de lei. Desde logo e à cabeça, dizemos-
lhe que, quanto à ideia que tem subjacente, terá o apoio do Partido Socialista. Se essa ideia é, como
entendemos, a de alargar os sacrifícios aos que não são os do costume, parece-nos uma boa ideia.
Queríamos aproveitar este debate para lhe colocar algumas questões sobre o modo como quer
implementar essa ideia. E as perguntas que lhe queria deixar têm a ver exatamente com a operacionalidade
que pretende imprimir quanto à captação desta contribuição.
A primeira questão tem a ver com a chamada matéria coletável. O projeto, que nos parece, em alguns
casos, pouco consistente, pouco transparente e até juridicamente discutível, parte de uma noção de matéria
coletável em que temos um volume expectável multiplicado por um preço do passado, uma média do preço do
passado, e ponderado por um fator que o Sr. Ministro irá, depois, definir por portaria. Tudo isto nos parece,
ainda, totalmente opaco relativamente à solução encontrada e gostaríamos que o Sr. Ministro nos explicitasse
estas opções entre um volume futuro, um preço passado e uma ponderação desconhecida.
A segunda questão tem a ver com uma eventual litigância, já anunciada, que, porventura, poderá surgir e o
Sr. Ministro não fugiu a isso, dizendo que o principal comercializador, a Galp, tem apontado algumas
divergências relativamente à solução encontrada. Não queremos entrar nesse ponto mas, para salvaguarda
dos consumidores, queríamos que nos fosse dito, no caso de um ganho de causa dessa litigância por parte da
Galp, por quem essas indeminizações ou esses juros seriam suportados. Pelos consumidores ou pelo
Orçamento do Estado? É a pergunta que lhe deixo, Sr. Ministro.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Fernando Serrasqueiro (PS): — Quanto à transferência da reversão de fundos, pergunto se já se
terá concretizado e de que forma. E até, para este caso, no futuro, como se vai fazer essa reversão desta
contribuição? Vai fazer-se através do Orçamento do Estado ou irá fazer-se diretamente nas tarifas?
É que esta questão ainda não está resolvida, ou pelo menos eu desconheço como se tem feito até agora
esta reversão. Faço-lhe esta pergunta, Sr. Ministro, porque esse desconhecimento leva-nos a pensar noutra
questão: será que isto poderá ser um auxílio de Estado? E, nesse sentido, pergunto-lhe se a União Europeia
foi ouvida relativamente a esta solução, dado que essa reversão pode eventualmente estar contemplada num
âmbito mais lato de um auxílio de Estado que, porventura, pode ser dado.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Fernando Serrasqueiro (PS): — Gostaríamos, portanto, de saber se, de facto, a União Europeia foi
ouvida sobre esta questão.
Estas são as dúvidas, repetimos, perante uma boa ideia mas com uma implementação que achamos pouco
clarificada.
Aplausos do PS.