19 DE FEVEREIRO DE 2015
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através da proposta de lei n.º 278/XII (4.ª). Esta, além de alargar a base de incidência a outras atividades do
Sistema Nacional de Gás Natural, assegura que a totalidade da receita angariada fica inteiramente afeta à
beneficiação dos respetivos consumidores, através da redução direta das tarifas.
Na criação deste regime CESE foi tida também em conta a capacidade contributiva dos potenciais
destinatários desta contribuição extraordinária, salvaguardando os pequenos operadores para não pôr em
causa a sua sustentabilidade económico-financeira e não restringir a concorrência e o acesso ao mercado
energético.
Estão abrangidas por esta exceção as mini-hídricas, a pequena produção, a cogeração com a potência
elétrica instalada inferior a 20 MW e a produção de eletricidade sem injeção de potência na rede.
Estão também excluídos os pequenos distribuidores vinculados, as atividades de venda a retalho e,
genericamente, os sujeitos passivos cujo valor total do balanço seja inferior a 1,5 milhões de euros.
Dado o exposto, constatando que a proposta do Governo vai muito além do conteúdo vertido no projeto de
lei n.º 779/XII (4.ª) e interpretando a intervenção do Sr. Deputado Bruno Dias, quero acreditar que o PCP irá
votar favoravelmente a proposta do Governo, a bem da competitividade da economia e dos consumidores
portugueses.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — O Sr. Deputado Carlos São Martinho confirma que se inscreveu para
pedir esclarecimentos?
Risos do Deputado do PCP Bruno Dias.
Não estou a ironizar. É que eu tinha a indicação que se tratava, de facto, de um pedido de esclarecimentos,
mas da sua intervenção não resultou claro e poderia parecer que estava a fazer uma intervenção, porque
também se referiu à iniciativa do Governo. Não leve a mal que eu peça a confirmação, porque também não há
mais nenhum Sr. Deputado inscrito, neste momento.
O Sr. Carlos São Martinho (PSD): — Confirmo, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Portanto, tratou-se de um pedido de esclarecimentos.
Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, para responder.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos São Martinho, quero dizer, desde já, que
a dúvida do Sr. Presidente, a dada altura, também era a minha, porque verificámos, essencialmente, uma
tomada de posição por parte do PSD, que registámos e ouvimos com atenção, mas faltava, de facto, a
pergunta.
Quando refere o sentido de voto que espera da parte do PCP, registo também o otimismo e confiança do
Sr. Deputado Carlos São Martinho, mas aquilo que é essencial neste contexto é verificarmos que há um
sentido e um caminho no qual o PCP, mais uma vez, não pode deixar de assinalar e marcar um contributo
concreto do ponto de vista da clarificação e também da aplicação da forma mais justa de uma contribuição que
peca por tardia e insuficiente. É esta a questão que nos move, essencialmente.
Dizemos, há muitos anos, que a chamada dívida tarifária não pode nem deve ser uma penalização sobre
os contribuintes e os consumidores, mas o que está a acontecer, designadamente com a fiscalidade pseudo-
verde, é que há uma penalização dos consumidores, quer com a imposição das taxas de carbono —
designadamente do gás natural, que não tem culpa nenhuma disto —, quer com os custos com a produção em
regime especial, que tem vindo a aumentar, onerando os contribuintes, e que levantam preocupações da
nossa parte.
Quando diz que os operadores do Sistema Nacional de Gás Natural passam a ser incluídos, nós dizemos
que, mesmo do ponto de vista do setor elétrico, e não só, na distribuição de energia, o retalho tem de ser aqui
olhado de modo diferente por parte do Estado.