19 DE FEVEREIRO DE 2015
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discutir apenas e só esta alteração legislativa que vai onerar a Galp, escondendo que a Galp tem tido lucros
abusivos, anos após anos, decorrentes das escolhas políticas e de parasitar a vida das famílias e da
economia.
Esta é que é a história de fundo, que achamos que nunca deve ser esquecida e que não fica resolvida com
estas alterações legislativas que o Governo tem levado por diante, porque, na prática, o Governo nunca quis
verdadeiramente mudar esta história.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr.ª e Sr. Secretários de Estado, Sr.as
e
Srs. Deputados: Julgo que esta é uma matéria na qual, pelo que vejo, há largo consenso, mas é bom clarificar
aquilo que nos separa, nomeadamente, da intervenção feita agora pelo Sr. Deputado e meu querido amigo
Pedro Filipe Soares.
Nós gostamos que as empresas portuguesas tenham lucro e não achamos que, pelo simples facto de
terem lucro, o Governo tenha de se apropriar do mérito das empresas e dos seus trabalhadores.
Outra coisa é o Governo estar atento ao que se passa no setor energético e, quando há um ganho que não
se justifica, não deixar ninguém de fora e fazer com que o sacrifício que é pedido a todos os portugueses
também incida num setor específico. E isto nada tem a ver com esta empresa específica, a qual nos merece
toda a consideração, mas com o modelo dos contratos take-or-pay e com a necessidade de tornarmos o setor
elétrico nacional o mais sustentável possível.
Nós vivemos tempos em que, com uma boa perspetiva, que era a de tornar a nossa dependência mais
sustentável, conseguir ganhos de eficiência energética, e conseguir até mudar comportamentos, sem ser pela
via fiscal, o que conseguimos foi um aumento do défice tarifário que quase nos levava a «o último que apague
a luz», que era insustentável e nos levava ao encerramento total — e daí talvez o PS devesse ter mais
cuidado —, e um conjunto de rendas excessivas e até de legalidade duvidosa. E não vou referir-me aos CIEG
que aumentaram exponencialmente durante o Governo do Eng.º José Sócrates, mas essencialmente a
algumas rendas excessivas que agora fomos obrigados a reduzir.
E o Governo tem feito algo nessa matéria, mas tem ido para lá disso. Por isso, acho que o consenso nestas
matérias é importante, porque, quanto mais força for dada ao Governo, mais eficazes e mais eficientes são
estas medidas.
Mas, um Governo que já introduziu os low cost,…
O Sr. Fernando Serrasqueiro (PS): — Introduziu os low cost?!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … que mudou o estatuto e deu mais instrumentos à Autoridade da
Concorrência, a mesma Autoridade da Concorrência que, pelo que se vê, atua, e de forma eficaz, e que
introduziu os preços de referência para que o consumidor tenha hoje uma melhor informação — obviamente,
estou a falar em nome dos que acreditam no mercado liberal, em reguladores fortes e em consumidores
informados, pois, porventura, outros não terão essa opinião — tem, hoje, um conjunto de armas para poder
também introduzir mais concorrência no mercado.
Li com atenção e percebi a bondade do diploma que o Partido Comunista Português traz hoje a debate na
Câmara, embora o essencial do que o PCP quer esteja vertido, e com mais equilíbrio, na proposta do
Governo. É que nós não podemos afetar a concorrência nesse setor e por isso digo que, para quem acredita
no mercado e na concorrência, deixar de fora pequenas produções e permitir que este mercado tenha toda a
concorrência e que o Estado interfira o menos possível, não reforçando a presença ou a interferência do
Estado em qualquer mecanismo de constituição de preço, me parece razoável.
Portanto, diria que temos ganhos evidentes na tarifa social, ganhos evidentes num combate, que é preciso
fazer, ao défice tarifário — é verdade que temos de melhorar o mecanismo para redução do défice tarifário,
pois a redução do défice tarifário aproveita a todos — e temos uma melhoria ao tentar-se reduzir os preços
quer para a indústria, quer para o comércio, quer para os consumidores domésticos, em termos de uma