I SÉRIE — NÚMERO 63
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O Sr. Michael Seufeurt (CDS-PP): — Peço a palavra, Sr. Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Para que efeito, Sr. Deputado?
O Sr. Michael Seufeurt (CDS-PP): — Para interpelar a Mesa, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Michael Seufeurt (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, peço que seja distribuído um documento que, nos
termos do Regimento, vou apresentar: trata-se do documento PISA 2012, caixa 3.4.1, onde se lê que foram
implementados exames nacionais no 4.º, 6.º e 9.º anos de escolaridade. Depois, cada Deputado saberá
quando é que foram implementados…
A Sr.ª Odete João (PS): — Não eram exames, eram provas de aferição. Sejam honestos!
A Sr.ª Presidente: — Vamos prosseguir com as intervenções,
Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, Sr. Secretário de Estado, Sr.ª Secretária de
Estado, Sr.as
Deputadas, Srs. Deputados: Não vou seguir o roteiro das contestações não institucionais e
institucionais em que este Ministério da Educação é fértil. Gostaria de colocar algumas questões, para as
quais tentar obter alguma resposta política e uma resposta condicionada à expetativa, à curiosidade e ao
interesse que têm os nossos concidadãos e concidadãs na política do Ministério da Educação.
Já é quase ocioso dizer que a «5 de outubro» não só não implodiu como segue, de um modo vanguardista,
em conflito com todas as entidades na área da educação.
Quanto ao Conselho Nacional de Educação, o Sr. Ministro, na anterior composição e na anterior
presidência, coordenação inter pares do Conselho Nacional de Educação, dizia que tinha uma agenda política
e desvalorizava o Conselho Nacional da Educação. Atualmente, não o desvalorizou ainda politicamente; pelo
contrário, tem tido alguns encómios pontuais.
Mas há duas recomendações bem estruturadas e bem definidas do Conselho Nacional de Educação, uma
acerca da educação especial e da necessidade da escola inclusiva, que contesta a política do Governo nesta
área, contesta a base legislativa em que ela se insere e contraria aquela que tem sido a tentativa, aliás, hoje
em dia, o atraso e o descaso do Governo em legislar e, sobretudo, em resolver os problemas da escola
inclusiva.
Mais recentemente, houve outra recomendação do Conselho Nacional de Educação — aliás, ambas foram
aprovadas por unanimidade — acerca do excesso das retenções no ensino obrigatório em Portugal: 150 000
alunos são chumbados por ano. É uma enorme perda económica, é uma enorme perda pedagógica, é uma
enorme perda na capacidade de os agrupamentos de escolas conseguirem ter as sinergias necessárias para
um bom desempenho dos alunos e das alunas. Porquê? Também devido a uma política educativa, dirigida por
este Ministério, que tenho amiúde chamado de «examinite aguda», porque é uma seleção precoce, contínua,
constante, é o estudo para a nota.
Diz o Conselho Nacional de Educação que é preciso uma outra política educativa que leve à integração dos
alunos, ao equilíbrio curricular e à capacidade de deteção precoce, de alteração dos modos educativos e das
capacidades de compensação. Tudo ao contrário da política dirigida pelo Ministério, que tem sido de cortes,
cortes, cortes e burocratização do desempenho escolar.
Portanto, já não é um semáforo intermitente, são luzes vermelhas do Conselho Nacional de Educação que
têm vindo a mostrar-se de forma muito exuberante ao Ministro da Educação, sobre o qual não se diz nada.
A cultura da facilidade, Sr. Ministro da Educação, não é o problema da seleção. A cultura da facilidade, da
qual eu o acuso, é a cultura da facilidade social, porque, com o tipo de modelo educativo que tem vindo a
desenvolver, facilita na segregação, na clivagem social, na seleção social. É a seleção social que está a fazer