20 DE MARÇO DE 2015
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estar em funções, temos uma escola pública com menos meios, mas com muito mais problemas. Após quatro
anos de Governo, houve uma redução de 6% no número de alunos, mas houve uma redução de 21% no
número de professores. Por isso, hoje, temos menos meios para lidar com os desafios que se colocam à
escola pública.
Mesmo no momento de alargamento da escolaridade obrigatória, houve uma redução do investimento
público na educação de mais de 2000 milhões de euros. Portanto, diga-nos, Sr. Ministro, como é que quer
fazer «omeletes sem ovos» e como é que quer garantir a qualidade da escola pública sem garantir os meios
adequados.
O Sr. Ministro e o seu Governo insistem num modelo de contratação que radica na precariedade, na
instabilidade e numa forma de contratação injusta e desadequada.
Apresentámos propostas de alteração ao diploma dos concursos, que previam exatamente uma lista única,
nacional, ordenada por graduação profissional — é o sistema mais justo.
Mas, não, o Governo insiste num modelo que, este ano, no início do ano letivo, provocou o caos nas
escolas, está ainda a assumir prejuízos na aprendizagem de cada um dos alunos, e este Governo diz: é
preciso mais disto, é preciso mais problemas e é preciso mais instabilidade no início do ano letivo.
O Sr. Ministro insiste em não garantir aos alunos do escalão A a totalidade dos manuais escolares e o
pagamento das visitas de estudo. Vai ou não garantir, de uma vez por todas, os manuais escolares a todos os
que deles necessitem e as despesas? Vai ou não garantir aos alunos com necessidades especiais os apoios
de que necessitam ou, pelo contrário, vai continuar a condenar milhares de crianças e jovens neste País a não
terem os apoios técnicos e materiais adequados, condenando-os à discriminação e violando direitos
fundamentais na vida de cada um?
Falou-nos de atualização da portaria. Sr. Ministro, diga-nos o que é atualizar a portaria. Atualizar a portaria
não vai ser contratar os funcionários que fazem falta nas escolas. Atualizar a portaria é continuar a recorrer a
milhares de contratos de emprego-inserção.
Sr. Ministro, diga-nos quantos milhares de trabalhadores tem nas escolas a abrir a porta, a garantir a
segurança, a garantir a vigilância e o Sr. Ministro não paga o salário a estes trabalhadores. Há milhares de
trabalhadores nesta situação. Diga-nos o que vai fazer para garantir a sua contratação efetiva. São milhares
os trabalhadores que o Ministério tem nessa condição.
Diga-nos também o que é que vai fazer em relação ao ensino artístico. O PCP tem proposto que o
Orçamento do Estado não pode ser substituído pelo POPH e o problema nas escolas do ensino profissional e
artístico é uma opção política deste Governo, que substitui o Orçamento do Estado por POPH.
Eis que o Sr. Ministro vem dizer que as escolas do ensino artístico e profissional de Lisboa e Vale do Tejo e
Algarve vão ficar dependentes de fundos comunitários e da instabilidade que isso gera nas escolas. É o
contrário, Sr. Ministro! O que é preciso é o contrário. O que é preciso é outro Governo, é outra política que
encare o investimento público à educação não como uma despesa mas como um investimento. A escola
pública não é um embuste. A escola pública é um pilar do regime democrático e exige ser respeitada por este
Governo.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Odete João (PS): — Peço a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Presidente: — Para que efeito, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Odete João (PS): — Para interpelar a Mesa, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Qual é o fundamento da interpelação, Sr.ª Deputada?
A Sr.ª Odete João (PS): — Sr.ª Presidente, para ser reposta a verdade, solicito que seja distribuído às
diferentes bancadas o relatório do Parlamento Europeu, esse sim, sobre os quatro anos de governação desta
equipa, e não o PISA 2012, que se referia a exames implementados pelo Partido Socialista no 9.º ano e no
12.º ano, e não as provas de aferição, não os exames de 2.º e de 6.º anos implementados por este Governo.