21 DE MARÇO DE 2015
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O Sr. Pedro Farmhouse (PS): — Só o preconceito ideológico é que leva a tomar esta opção.
Ao meio-dia, o Partido Socialista confere às Sr.as
e aos Srs. Deputados do PSD e do CDS a oportunidade
de defenderem os interesses de Portugal e dos portugueses. Aguardemos o desfecho.
Aplausos do PS.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Que não haja dúvidas: votaremos contra!
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Paula
Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Iniciamos a nossa intervenção saudando os
dinamizadores da petição contra a privatização da EGF, dinamizada pelo STAL, e que estão a acompanhar
este debate.
Saudamos todos os subscritores da petição que hoje debatemos e saudamos, também, a luta dos
trabalhadores, das populações, das autarquias, contra a privatização da EGF e em defesa dos serviços
públicos dos resíduos sólidos urbanos.
É inaceitável que um Governo que se assume democrático proceda à alteração unilateral dos estatutos dos
sistemas multimunicipais de resíduos sólidos urbanos, desprezando a opinião do outro acionista, as
autarquias.
É uma atitude autoritária que revela um profundo desrespeito do Governo pelas autarquias e pelo seu
quadro de autonomia, consagrado constitucionalmente.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É verdade!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Há muito que este Governo não olha a meios para atingir os fins que
pretende, passando por cima de tudo e de todos, numa postura do «quero, posso e mando».
O Governo alterou os estatutos dos sistemas multimunicipais de resíduos sólidos urbanos unilateralmente,
porque sabia que não iria ter o acordo das autarquias e sabia também que não contava com o apoio dos
trabalhadores e das populações.
Pior: o Governo não só tomou uma decisão ignorando por completo a opinião das autarquias, como
usurpou competências da exclusiva responsabilidade destas, contra a sua opinião, para as entregar ao
privado.
Vozes do PCP: — Exatamente!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Esta alteração legislativa é mais uma peça na construção do regime jurídico
para permitir a privatização da EGF e, por conseguinte, dos serviços públicos de resíduos sólidos urbanos.
Foram retiradas, onde existiam, todas as referências à obrigatoriedade da gestão pública, porque constituíam
um obstáculo ao processo de privatização.
Relembramos também aqui o processo em que foram criados esses sistemas multimunicipais, numa clara
chantagem e pressão sobre as autarquias…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — … para a constituição destes sistemas e, se caso assim não fosse, não
teriam a possibilidade de ter acesso a fundos comunitários para os investimentos que eram necessários.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Aliás, esta pressão e chantagem não está naturalmente desligada daquele
que seria o objetivo a longo prazo e que agora este Governo está a concretizar.