I SÉRIE — NÚMERO 64
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O fim do IGM, Instituto Geológico e Mineiro, pelas mãos de um Governo PSD/CDS, Durão Barroso/Portas,
representou um rude golpe no potencial mineiro do País e um sério retrocesso no desenvolvimento da
geologia em Portugal.
Mais à frente, a incapacitação do LNEG (Laboratório Nacional de Energia e Geologia) para concretizar, por
falta de meios, esse trabalho de cartografia, com os Governos PS e Sócrates, veio agravar o atraso a que
Portugal já estava sujeito no que toca à realização de uma cartografia geológica adequada à exploração dos
recursos minerais.
Mas o papel do Estado, para o PCP, não pode ficar pelo de investidor para os negócios privados, como
agora propõe o Governo com a atribuição da capacidade de o próprio Estado liderar as campanhas de
prospeção. Ou seja, o Governo responsabiliza o Estado pela revelação dos depósitos e massas, mas não
assegura o retorno desse esforço. Importa destacar que a atividade de prospeção e de pesquisa é a mais
arriscada e a mais dispendiosa do conjunto das atividades mineiras ou relacionadas. Para nós, PCP, o mal
não está, porém, no investimento público, mas na ausência das contrapartidas que este Governo não exige.
O Governo também não diz como resolverá os problemas de fiscalização e todos sabemos como as
autoridades não estão dotadas dos meios para fazer cumprir a lei. E sabemos, igualmente, a tendência
reiterada que inúmeras explorações têm para contornar as suas obrigações para maximizar os seus lucros.
Ao mesmo tempo, o Governo não introduz qualquer imposição de um fluxo mínimo de exploração, o que
faz com que os concessionários possam explorar o recurso na medida das flutuações do preço de mercado,
na medida das praças internacionais, com prejuízo para os trabalhadores e para a economia nacional.
Acresce ainda que o Governo não tem uma palavra a dizer sobre a constituição da fileira económica que
poderia resultar da extração de recursos, principalmente dos metálicos. Com este regime, o que o Governo
cria, ou melhor, aprofunda, porque, praticamente, não muda a lei existente, é um contexto em que o Estado
investe para entregar a privados, principalmente estrangeiros, os recursos do País.
Este não é um novo regime, é o mesmo regime de entrega de recursos públicos sem contrapartidas, mas
com menos despesa para os privados e com novas obrigações para o Estado. É o Estado ao serviço dos
grupos económicos, a pretexto da dinamização do emprego e das exportações que resultarão, certamente,
escassas ou inexistentes.
O Sr. David Costa (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Termino, Sr. Presidente, dizendo que o PCP entende que, no âmbito de uma
política de valorização da produção nacional, um dos eixos fundamentais da política alternativa que o PCP
propõe aos portugueses é o de que é absolutamente necessária a dinamização da extração e da
transformação dos recursos minerais do País, uma das suas principais riquezas, que nos posiciona, enquanto
País, num lugar invejável perante outros.
Esta exploração tem de ser feita com o objetivo de elevar a qualidade de vida dos portugueses, dos
trabalhadores, de dinamizar a economia, de gerar riqueza em Portugal e não, como propõe agora o Governo,
com o objetivo de escancarar as reservas minerais, uma das nossas maiores riquezas, à rapina dos grupos
económicos estrangeiros.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Para intervir, tem agora a palavra o Sr. Ministro do Ambiente,
Ordenamento do Território e Energia.
Faz favor, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia: — Sr. Presidente, gostava, desde
logo, de prestar um esclarecimento à Sr.ª Deputada Ana Paula Vitorino, dizendo-lhe que, de acordo com a
informação que me é dada, o diploma entrou na Assembleia da República não há 48 horas, mas no dia 13 de
março.
Em relação aos vários comentários que foram feitos, gostava de esclarecer também a bancada do Partido
Socialista, acolhendo, obviamente, com satisfação, o seu sentido de voto, mas esperando que evolua para um