21 DE MARÇO DE 2015
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princípios gerais a que deve obedecer a gestão dos recursos geológicos a preservação do ambiente, seja lá
isso o que for e ao que se referem na lei.
Por outro lado, são grandes as preocupações quanto ao envolvimento das populações, aspeto não
despiciendo, sobretudo porque sabemos bem os impactos que sobre elas impendem neste tipo de atividades.
O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Ana Paula Vitorino (PS): — Há, ainda, um aspeto que, para muitos, é central, o do prazo das
concessões da exploração com um máximo de 90 anos, o que carece, naturalmente, de aprofundada reflexão
e fundamentação e que não foi feita até ao momento.
Claro está que também existe a dimensão autonómica, que é uma dimensão que passa pelas autarquias
locais, sendo importante dar a devida atenção à posição já transmitida pela Associação Nacional de
Municípios Portugueses. Mas também passa, muito claramente, pelo respeito da autonomia e das
competências das regiões autónomas. Naturalmente que não me irei alongar nesta sede, fá-lo-emos, depois,
na especialidade, citando passagens dos pareceres emitidos pelos órgãos do Governo próprio das Regiões
Autónomas dos Açores e da Madeira e também não irei referir, com certeza, as intervenções feitas por
Deputados eleitos pelo PSD e pelo CDS-PP.
Há dúvidas, também, sobre o cumprimento do estatuto político-administrativo de ambas as regiões
autónomas, em particular quanto a uma possível ingerência na esfera de competências próprias no
cumprimento das cominações da gestão conjunta e da gestão partilhada com as regiões nas zonas marinhas
sob soberania ou jurisdição nacional adjacentes a ambos os arquipélagos ou mesmo nos processos de
licenciamento. Há, igualmente, dúvidas sobre a eventual inconstitucionalidade do diploma, o que está,
naturalmente, no centro das nossas preocupações.
Sr.as
e Srs. Deputados, julgo que eu e o meu camarada Rui Paulo Figueiredo já fomos muito claros
relativamente à nossa posição e creio que o sentido de voto do Grupo Parlamentar do Partido Socialista terá
sido percetível. As nossas dúvidas fundamentam a nossa abstenção, mas é uma abstenção que é um sinal de
abertura para um trabalho aprofundado em sede de especialidade. De VV. Ex.as
dependerá o nosso sentido de
voto final. Neste, como em outros momentos, estamos disponíveis para trabalhar na especialidade para
melhorar em semanas o que o Governo, pelos vistos, não soube ou não foi capaz de fazer em quatro anos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Tiago.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Os estudos
apontam para a existência de uma riqueza equivalente ao valor de dois produtos internos brutos em recursos
minerais metálicos e não metálicos, jazentes em território nacional.
Com o alargamento da plataforma continental esse valor pode ter crescimentos muito significativos. Quer
isto dizer que, com a planificação e a exploração corretas desses recursos, só com base na extração o País
poderia aumentar o seu PIB a um ritmo de cerca de 1% a 2% ao ano durante as próximas décadas.
Se a essa planificação fosse acrescentada a planificação e a criação da infraestrutura económica, física e
legislativa para que a fileira económica da mineração e transformação industrial subsequente se constituíssem
em Portugal, a riqueza produzida, os postos de trabalho criados, o desenvolvimento económico e social, desde
que assegurado o equilíbrio ambiental, seriam exponencialmente maiores.
O atual regime aplicável à exploração de recursos minerais em Portugal — o Decreto-Lei n.º 90/90 —
considera, no essencial, os mesmos aspetos sobre os quais a proposta de lei do Governo agora, incide,
apesar de ser esta apresentada como um instrumento legislativo muito inovador. Desde o início que o Governo
anunciou esta prioridade. Passados três anos, apresenta uma proposta de lei que é, na prática, uma cópia do
que já existia, com algumas diferenças, das quais destacamos a de o Estado assumir o papel de batedor dos
grupos económicos. Da parte do PCP, desde há muito que vimos alertando para a necessidade de o Estado
concretizar uma cartografia geológica do território nacional adequada às necessidades.