I SÉRIE — NÚMERO 64
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um quadro regulatório mais sustentável, que coloca o Estado no contexto de promoção do
conhecimento/mapeamento.
Sr. Deputado, estamos a criar condições para que o Estado, conhecendo melhor os seus recursos, possa
ter mais vantagem económica quando vai concessionando esses recursos, e não o contrário.
Mas, em qualquer caso, estamos disponíveis, repito, para aperfeiçoar o diploma numa matéria que é tão
relevante.
Gostava de recordar que há 30 anos não se avançava para uma nova exploração e foi este Governo que
conseguiu, no âmbito da Semblana, adjacente à Neves Corvo, ter uma nova exploração mineira. Há 30 anos
que se não avançava para uma nova exploração mineira, portanto, está bem sublinhada a importância que
este Governo atribui a este setor.
Esperamos que, ainda no decorrer desta Legislatura, se possa avançar com outros projetos que são
relevantes para o território e, em especial, para o interior.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Passamos ao período destinado a intervenções, estando já inscritos para o efeito
vários Srs. Deputados.
Para proferir a primeira intervenção tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do
Território e Energia, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Não lhe fiz nenhuma pergunta, Sr.
Ministro, porque, mais do que perguntas, queria, talvez, deixar-lhe algumas observações que Os Verdes têm a
fazer relativamente a este diploma.
Concordamos com aquilo que o Sr. Ministro referiu na sua intervenção inicial, no sentido de que este País
não tem uma exploração suficiente relativamente ao seu potencial geológico.
Concordamos, naturalmente, com a importância da integração da geologia no ordenamento do território,
mas também aqui não há grande novidade sobre aquele que é o enquadramento jurídico que já há nesta
matéria e reconhecemos também a importância de a integrar no ordenamento do espaço marítimo.
De facto, aquilo que sentimos aquando da leitura desta proposta que o Governo traz à Assembleia da
República é que falta um suporte de informação que, depois, se vem a repercutir na regulamentação
necessária que não conhecemos. Ou seja, está aqui aberto, talvez, um espaço em branco que é, para nós,
ainda nebuloso, dado que o que fica para trás é revogado.
Disse a Sr.ª Deputada do CDS-PP, no pedido de esclarecimento que fez, que estamos a falar das bases de
um regime jurídico e que tudo começa pelo início e depois se vai construindo pela base. O problema é que
tudo o que vier depois da base pode perturbar a base caso não se coadune ou se deturpe alguns dos
princípios que nela são estabelecidos.
É por isso que gostaríamos de dizer que era preciso, talvez, conhecer mais das intenções do Governo —
talvez na especialidade possamos fazer esse debate — relativamente ao conteúdo da regulamentação que
está prevista neste regime jurídico.
Por outro lado, Sr. Ministro, há uma coisa que não pode ser separada desta discussão e que se relaciona
com o pós-exploração e com a recuperação pós-exploração, designadamente de atos necessários de
despoluição, de garantia de segurança das populações, de garantia de recuperação dos ecossistemas e
também daquilo que, para nós, tem de começar a ser um valor essencial neste País e que tem a ver com a
recuperação paisagística.
O Sr. Nuno Filipe Matias (PSD): — Se ler a proposta de lei ajuda. Isso está lá!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — As paisagens têm um valor ambiental, social e económico que
importa valorizar. Aquilo que nós sabemos, Sr. Ministro, é que isto de que estou a falar não é nenhuma
novidade relativamente àquilo que hoje já está estabelecido na lei e que, naturalmente, também há de
continuar estabelecido na lei. O problema é que nós sabemos que isto não é, muitas vezes, concretizado.