I SÉRIE — NÚMERO 68
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projetado e para chegar ao final do ano com uma meta mais favorável em termos de desemprego e, portanto,
de empregabilidade, com oportunidades mais efetivas para os jovens, que têm hoje mais oportunidades do
que tinham há um ano e há dois anos.
Portanto, Sr.ª Deputada, não consigo, nem quero, de modo nenhum, contestar que temos um nível de
desemprego muito elevado, nomeadamente entre os jovens. Mas, quer do ponto de vista das condições de
base da preparação tecnológica e curricular que eles têm, quer do ponto de vista das oportunidades de
investimento que têm vindo a materializar-se e que mostram, trimestralmente, que o investimento está a
recuperar, os jovens, efetivamente, terão uma oportunidade melhor para futuro.
Sr.ª Deputada, deixe-me concluir — até porque, depois, não terei tempo para lhe responder a qualquer
tréplica — dizendo que essa projeção de recuperação da economia portuguesa tem vindo a ser secundada,
mais projeção, menos projeção, por praticamente todas as instituições.
O problema que se põe é o seguinte: o ritmo dessa recuperação será o suficiente para podermos baixar
significativamente o desemprego estrutural? Não temos uma resposta concludente para isso, mas sabemos
duas coisas: primeiro, sabemos que vale a pena trabalhar para que isso seja possível; segundo, sabemos que
a proposta que o Bloco de Esquerda fez, que é a de regressar aos pressupostos do endividamento, que é a de
regressar aos pressupostos de mais défice público, de mais investimento que não tenha por contrapartida um
equilíbrio orçamental, essa, sim, torna-se insustentável, e não é no longo prazo, Sr.ª Deputada, é no curto
prazo.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem ainda a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, não é embaraço para o Governo
não ter nenhuma solução para a falta de investimento e de crescimento económico do País; não é embaraço
para o Governo o desemprego jovem; não é embaraço para o Governo a emigração em massa; não é
embaraço para o Governo a política de dois pesos e duas medidas de quem dá mais borlas fiscais à banca
enquanto continua a cortar nos salários e nas pensões de quem trabalha e trabalhou para este País; pode não
ser embraço para o Governo, mas o défice atual é, seguramente, o maior que Portugal teve — é o défice para
o seu futuro de estarmos a perder a população ativa, de o desemprego jovem estar em números
estratosféricos e de o Sr. Primeiro-Ministro não ser capaz de dar uma resposta concludente nem sobre esta
matéria nem sobre nenhuma outra.
Bem pode culpar os serviços pela revisão da taxa do desemprego, como fez com o INE hoje, como tem
feito, aliás, em relação a tudo.
Sabemos que quando corre mal nas escolas a culpa é dos serviços, quando corre mal nos tribunais a culpa
é dos serviços, quando corre mal nos hospitais a culpa é dos serviços. Bem, tudo o que corre mal neste País é
culpa dos serviços e este Governo nunca tem culpa de nada!
Sr. Primeiro-Ministro, estava no dia de demitir, pelo menos, o seu Secretário de Estado Paulo Núncio,
porque, desta vez, é mesmo muito difícil dizer que a culpa é dos serviços, não é?
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sabemos — e, com isto, concluo, Sr.ª Presidente —, pelo relatório da
Comissão Nacional da Proteção de Dados, que a lista VIP nunca teve nada a ver com proteger dados, quanto
muito esconder. E ficámos a saber que não há dado nenhum que esteja protegido. Aliás, há empresas
privadas com milhares de funcionários que têm acesso aos dados do fisco. A lista VIP não resolve este
problema!
Mas também ficámos a saber que a lista VIP tem — veja bem! — quatro pessoas, diríamos o núcleo duro
do Governo: Cavaco Silva, Primeiro-Ministro determinado; Pedro Passos Coelho, Primeiro-Ministro em
exercício; Paulo Portas, Vice-Primeiro-Ministro; e, depois, Paulo Núncio… A sério?! Nessa lista não estão nem
a Sr.ª Presidente da Assembleia da República, nem os juízes conselheiros do Tribunal Constitucional, nem
nenhuma figura proeminente, mas está o Sr. Secretário de Estado Paulo Núncio! Esse talvez seja um bom