I SÉRIE — NÚMERO 71
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Assumimos com confiança o projeto de libertação, de dignidade e honestidade, de desenvolvimento e
soberania que Portugal precisa.
Assim, no momento em que o Governo se articula com a União Europeia para continuar a política da troica,
quando insiste em submeter o País aos constrangimentos dos mecanismos do tratado orçamental, dos
pacotes da governação económica e do Pacto de Estabilidade e Crescimento, quando elabora os chamados
«Programa Nacional de Reformas» e «Programa de Estabilidade», que não são mais que a continuação da
exploração, do empobrecimento e do declínio nacional, o PCP confronta-o nesta interpelação com o desastre
da sua política e a afirmação da política alternativa necessária ao País.
Portugal precisa de soluções e o Grupo Parlamentar do PCP apresentará, hoje mesmo, um projeto de
resolução com esse objetivo. Soluções para o País que o PCP adianta e ganham apoio na sociedade
portuguesa.
Aplausos do PCP.
A saber:
A renegociação da dívida pública, nos seus prazos, juros e montantes.
O fim da chamada «governação económica», assim como a revogação do tratado orçamental, a
desvinculação de Portugal desses instrumentos e o estudo e preparação do País para libertação da submissão
ao euro.
A defesa dos setores produtivos e a produção nacional e a garantia do controlo público dos setores básicos
e estratégicos da economia, designadamente da banca.
A valorização do trabalho e dos trabalhadores, através de uma justa distribuição do rendimento, assente na
valorização dos salários, no pleno emprego, na defesa do trabalho com direitos e maiores reformas e pensões,
no combate ao desemprego e à precariedade.
A defesa dos serviços públicos e das funções do Estado, em particular as suas funções sociais,
designadamente do Serviço Nacional de Saúde, da escola pública, da segurança social e da cultura.
Uma política fiscal mais justa, que assegure o investimento e o financiamento das funções sociais do
Estado, rompa com o favorecimento dos grupos económicos e financeiros e alivie a carga fiscal sobre os
trabalhadores e o povo, sobre as micro, pequenas e médias empresas.
Tais são aspetos essenciais da política que o PCP propõe, da política que Portugal precisa.
Srs. Deputados, há quatro anos, no dia 5 de abril de 2011, o PCP anunciou ao País a sua proposta
inovadora de renegociação da dívida pública, inserida num caminho alternativo de desenvolvimento
económico e social. PS, PSD e CDS-PP recusaram esse caminho e optaram pela troica com a devastação
nacional que se conhece.
Perderam-se quatro anos, o retrocesso é notório, a situação hoje é muito pior, mas é sempre tempo. O
tempo do Governo está a esgotar-se, um tempo de decisão do caminho alternativo aproxima-se. O PCP, pela
sua parte, apresenta soluções para o País e está preparado e pronto para assumir todas as responsabilidades
que o povo português lhe queira atribuir, para concretizar uma política patriótica e de esquerda, vinculada aos
valores de Abril, para um Portugal com futuro.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — A abertura do debate é completada pela intervenção do Governo, pelo que tem a
palavra a Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças.
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças (Maria Luís Albuquerque): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados:
Começo por agradecer ao Sr. Deputado Francisco Lopes a oportunidade de vir aqui, ao Parlamento, fazer um
debate, que é oportuno, sobre quais são os compromissos que Portugal assumiu e os compromissos que
devemos cumprir ao longo deste mês de abril, aliás, na sequência dos contributos que pedimos aos partidos e
aos parceiros sociais.
Como o Sr. Deputado sabe, pedimos a todos os partidos com assento parlamentar, numa carta minha do
dia 6 de março, que nos remetessem contributos para a elaboração do Programa Nacional de Reformas que