10 DE ABRIL DE 2015
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A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Está na altura de fazermos uma reflexão sobre a razão pela
qual 6,5% queimaram 15 anos, sobre o que se desperdiçou nesses 15 anos e por que é que tivemos de sofrer
tanto nos últimos 4 anos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Deputado Francisco Lopes diz que a dívida aumentou 80 000 milhões, mas, Sr. Deputado, a maior
parte desta dívida não aumentou, apareceu,…
Vozes do PCP: — Ah!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — … apareceu explicitamente nas contas públicas, porque,
efetivamente, a dívida das empresas públicas, das entidades que foram reclassificadas já existia, apenas não
aparecia.
O Sr. Ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares (Luís Marques Guedes): — Já cá estava!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Quando ela apareceu, obviamente, fez aumentar o número
da dívida pública, mas só fez aparecer um número que já existia. Aliás, o perigo dessa desorçamentação foi
algo para o qual o Governo anterior foi alertado, mas todos os comportamentos menos responsáveis sempre
se manifestam nas piores alturas. Infelizmente, é sempre assim, é nas piores alturas que todas estas coisas
aparecem.
Mas nesta dívida que o Sr. Deputado diz que aumentou está também uma almofada financeira que nos
permite olhar para os portugueses e dizer, com confiança, que não vamos estar em circunstância difícil,
mesmo que à nossa volta alguma coisa corra mal,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Enquanto as pessoas passam fome! É a teoria dos cofres cheios!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — … que não vamos estar aflitos, à procura de dinheiro para
pagar salários e pensões, porque temos reservas para poder fazer face a essas necessidades, que não vamos
deixar de pagar os compromissos do Serviço Nacional de Saúde, porque temos reservas, se for necessário,
para fazer face a essas dificuldades. E basta pensarem, Srs. Deputados, no que é a dificuldade de um
Governo como o grego, que está a querer negociar um programa e não tem um tostão nos seus cofres para
poder fazer essa negociação em condições.
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Nós estivemos numa situação como essa em 2011, tivemos
de fazer uma negociação à pressa, muito provavelmente em piores condições do que teríamos feito, se não
estivéssemos na iminência de entrar em bancarrota e de não ter dinheiro para solver os compromissos,
nomeadamente de salários e pensões.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Isso, Srs. Deputados, chama-se governar de forma responsável e manter margens de prudência que
protejam os portugueses daquilo que se pode passar à nossa volta e que está para lá do nosso controlo.
Naturalmente, à medida que o processo for estabilizando, à medida que o enquadramento for melhorando,
a necessidade dessa almofada financeira também vai diminuindo. Mas sabermos que continuamos a ter
condições de honrar os nossos compromissos e de não deixar os portugueses à mercê dos caprichos do
mercado ou das exigências de credores oficiais exige que tenhamos esta política de prudência e de
responsabilidade.