I SÉRIE — NÚMERO 71
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Protestos da Deputada do PSD Elsa Cordeiro.
Isto mostra que aquilo que foi dito é uma questão pontual que pretende esconder a questão real da
situação da vida do País. Aliás, os grandes grupos económicos, os nossos credores não estão preocupados
com a dívida do nosso País. Para eles, ela pode subir, porque, se subir, eles vão sacar mais juros!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Hoje, podem até dizer, numa conjugação, que os juros podem baixar,
mas amanhã, daqui a um mês ou daqui a um ano podem, artificialmente, fazer subir as taxas de juros.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Nós não podemos estar sujeitos a este garrote! É por isso que é uma
questão de responsabilidade a renegociação da dívida.
Em relação à questão do euro, diria o seguinte: atenção, o PCP defende que é necessário o País estudar e
preparar-se para se libertar do domínio do euro. Alguém, no seu devido juízo, se tiver consciência das
responsabilidades no nosso País, pode dizer que não se deve estudar, que não se deve pensar?! Podemos
estar sujeitos a que, um dia, o Banco Central Europeu ou a União Europeia digam: «Vocês têm de cortar nos
salários, nas pensões… Têm de destruir a vossa atividade produtiva» e aceitamos isso em nome do euro?!
Temos de estar preparados, temos de estudar para que, no momento em que seja necessário defender os
interesses nacionais — e, tantas vezes isso é necessário!… —, se diga: «Por aí não vamos! Temos
alternativa! Somos um País soberano! Somos um povo que merece ser tratado com dignidade!».
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — A política do Governo está ao serviço dos grandes grupos económicos e
financeiros e dos especuladores, contra os interesses do povo português, e os resultados do cumprimento
desse programa estão à vista. Ainda nesta semana e na semana passada, vimos o que aconteceu, vimos o
que é pobreza, miséria, fome: milhares de pessoas no estuário do Tejo empurradas para a apanha da ameijoa,
numa situação em que têm de buscar o seu sustento, com risco de vida!
Protestos do PSD.
É o exemplo daquilo que significa a pobreza!
Por outro lado, minimizam os senhores o que significa 400 000 portugueses terem sido empurrados para a
emigração! Sabem o que isto significa?! Significa que, em todo o distrito de Coimbra, não restaria uma pessoa
se não tivessem migrado pessoas de outras zonas do País!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Figueira da Foz, Coimbra, todas as cidades, vilas e aldeias do distrito de
Coimbra não ficariam com uma única pessoa! Esta é a dimensão da emigração nos últimos quatro anos! E isto
tem consequências para hoje e para o futuro.
Quanto à questão da injustiça fiscal, vemos o aumento colossal dos impostos do IVA, do IRS — mais 35%
— para os trabalhadores e para a generalidade da população,…
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — … enquanto o imposto sobre as grandes empresas, o IRC, diminuiu de
23% para 21% e vai a caminho de uma maior redução!