I SÉRIE — NÚMERO 71
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A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Mas essas são as escolhas, de facto, de quem tem a austeridade como
compromisso e de quem, há muito, esqueceu as pessoas.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem agora a palavra a Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças para responder.
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, queria começar por
subscrever algumas afirmações dos Srs. Deputados do PCP, que afirmam que devemos defender os
interesses nacionais e que somos um povo que merece ser tratado com dignidade.
Acho que qualquer um de nós subscreverá essas frases e eu, pessoalmente, subscrevo, Sr. Deputado.
Temos é formas diferentes de salvaguardar os interesses nacionais e, ao longo destes anos de democracia, e
já lá vão alguns, temo-nos sempre apresentado aos portugueses com as nossas visões sobre o que é que
salvaguarda esses interesses e temos respeitado o resultado dessas votações quanto ao que salvaguarda os
referidos interesses.
É assim que aqui estamos hoje e aqui estaremos, certamente, depois das próximas eleições legislativas,
respeitando aquilo que o povo soberanamente determinar, naquilo que seja a sua visão sobre o que é que, de
facto, defende os interesses nacionais. Mas acho que todos podemos reclamar que o fazemos legitimamente.
Quanto às questões que o Sr. Deputado Miguel Tiago colocou, nomeadamente a de que os juros pagos
vão continuar a aumentar, devo dizer, Sr. Deputado, que os juros pagos não vão continuar a aumentar, os
juros pagos vão descer, precisamente porque vamos substituir dívida que é mais cara por dívida que é mais
barata.
De facto, é verdade que temos uma grande dependência do endividamento externo. Sr. Deputado, já disse
aqui muitas vezes, e não me cansarei de repetir, que a dívida é memória dos défices passados e a única
forma de não depender dos credores é não precisar de lhes pedir dinheiro. E essa solução é que os Srs.
Deputados não apresentam.
O que o Sr. Deputado diz é: deixamos de pagar juros com renegociação da dívida e, depois, fazemos
muitos investimentos. Sr. Deputado, vamos imaginar que fazíamos isto num ano e que tínhamos os 8000
milhões. E, depois, no ano seguinte? Acabava-se, porque a riqueza não se gera por milagre nem por boas
intenções.
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — 8000 milhões, por ano!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Infelizmente para muita gente, a política que o Sr. Deputado
defende até já teve múltiplas aplicações práticas e nunca, Sr. Deputado, em nenhum dos países, isso se
traduziu em progresso e em riqueza para as respetivas populações.
Aplausos do PDS e do CDS-PP.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Não é verdade!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Essa é a verdade, Sr. Deputado.
Quer os Srs. Deputados gostem, ou não, a verdade é que os regimes comunistas caíram todos porque
nunca criaram riqueza e boas condições de vida para o povo. E isso não é uma questão de opinião, é um facto
histórico. O capitalismo, com os defeitos que tem nas sociedades ocidentais, como foram vulgarmente
chamadas, teve crises mas criou, efetivamente, riqueza e as pessoas melhoraram o seu nível de vida. As
coisas são como são, Sr. Deputado.
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Mas não são assim!