10 DE ABRIL DE 2015
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A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Uma grande parte desse dinheiro que deixa de entrar nos cofres do
Estado vai para onde? Vai para os lucros dos grandes grupos económicos e uma grande parte sai de Portugal,
prejudicando o desenvolvimento do nosso País.
Esta política e este Governo não servem; é preciso uma política alternativa. Nós temos soluções para o
País e estamos a colocá-las em debate, na Assembleia da República.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — O primeiro orador a formular a pergunta à Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças é o
Sr. Deputado Miguel Tiago.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr.a Presidente, Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças, em primeiro lugar,
essa propaganda da retoma económica e de um caminho de progresso contrasta fortemente com a realidade
que está à vista dos portugueses. Mas é compreensível querer fazer-nos crer que estamos quase lá, que
basta só mais um esforço, que basta só mais um bocadinho para, enquanto isso, poderem continuar a
esbulhar nos salários, nas pensões, nos direitos dos portugueses. Querem convencer-nos de que só falta mais
um bocadinho e de que tudo até aqui seria em vão, quando, na verdade, quanto maior for o tempo de vida
deste Governo maiores serão os sacrifícios!
Sr.ª Ministra, «cofres cheios»?! Os seus cofres estão cheios é de dívida para pagar dívida. É disso que
estão cheios os cofres do Governo!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Entre 2011 e 2014, a dívida cresceu mais de 30 000 milhões de euros,
estando agora nos 130% do PIB. Os custos com juros representam já mais de 8580 milhões de euros anuais e
prevê-se que esse custo se mantenha em crescimento. Até 2020, os portugueses serão forçados a pagar um
total de 60 000 milhões de euros de juros, só por dívida já contraída.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — O que gastamos, anualmente, em juros, Sr.ª Ministra, financiaria um outro
serviço nacional de saúde inteiro, a funcionar durante todo um ano,…
O Sr. David Costa (PCP): — É verdade!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — … ou o ensino gratuito para todos os portugueses até ao mais elevado grau
de ensino durante um ano, ou duplicaria o orçamento do apoio às artes durante 400 anos.
Este é o caminho que nos trouxe até aqui e com o qual urge romper, Sr.ª Ministra.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Com o novo Programa de Estabilidade, que opções tomará este Governo?
Continuar a aceitar as imposições da União ou procurar convergir com os outros países que têm problemas de
endividamento semelhantes e estão sujeitos a semelhantes imposições, como o PCP propõe? Optar por
continuar a pagar juros exorbitantes, sacrificar direitos, salários e pensões, continuar a destruir serviços
públicos, as funções sociais, culturais, económicas e, até, as de soberania do Estado ou renegociar a dívida
para poder investir na educação, na saúde, na segurança social, na cultura, na produção, na valorização dos
salários e pensões, como o PCP propõe? Persistir na entrega do País e da sua riqueza a interesses privados e