I SÉRIE — NÚMERO 78
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Relativa aos projetos de resolução n.os
1367/XII (4.ª), 1393/XII (4.ª), 1412/XII (4.ª) e 1433/XII (4.ª):
As preocupações do PCP com as consequências do fim das quotas leiteiras estão bem expressas no seu
projeto de resolução n.º 1367/XII (4.ª), que recomenda a promoção de medidas de defesa da produção leiteira
nacional» e não são recentes. Desde que foi determinado o fim das quotas que o PCP alerta para o problema.
É neste enquadramento que o projeto de resolução do PS mereceu a abstenção do Grupo Parlamentar do
PCP. Tendo particulares responsabilidades no fim das quotas, uma vez que importantes decisões sobre o
assunto foram tomadas quando era governo, sem que tivesse manifestado a sua oposição e mesmo com o
seu acordo, o PS parece não ter aprendido nada com as consequências já visíveis das decisões entretanto
tomadas, mantendo a posição de aceitação e concordância de que essa regulação não exista. Assim, o seu
projeto de resolução não passa de um conjunto de medidas que, não sendo negativas para o setor, não
passam de paliativos, uma vez que não resolvem o problema de fundo e que é um problema de regulação do
mercado.
Do mesmo modo, o Grupo Parlamentar do PCP votou favoravelmente o projeto de resolução do Bloco de
Esquerda, abstendo-se nas propostas n.os
3 e 4. No caso da primeira porque é dado por admitido o fim das
quotas leiteiras e o PCP acha que Portugal e a Assembleia da República não o pode admitir. O
posicionamento deve ser o contrário: a rejeição desse processo. No caso da segunda proposta, a mesma
contém medidas que não respondem em concreto ao problema em discussão e por isso, neste contexto,
inócuas.
Dadas as características deste setor produtivo em Portugal e nos restantes países da União Europeia e o
processo de integração do nosso país na União Europeia, as únicas medidas capazes de defender a produção
leiteira nacional passam por uma regulação efetiva do mercado neste setor.
O PCP não deixará de se bater por elas.
O Deputado do PCP, João Ramos.
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O setor leiteiro no País assume uma grande relevância. Falamos de 7000 explorações, 100 000 postos de
trabalho, 2000 milhões de euros. A situação nos Açores é ainda mais dramática por ser uma região
ultraperiférica e marítima, por a produção ser feita em pequena escala e pelo seu grande contributo para a
economia da região e das suas gentes.
O fim das quotas representa a liberalização do setor. As quotas permitiam o equilíbrio de produção entre
países na União Europeia. Com a liberalização total, as grandes explorações nos países com condições
climáticas mais favoráveis podem aniquilar a produção de leite no sul da Europa. Sem medidas concretas, a
produção de leite está comprometida em Portugal
A Ministra da Agricultura falou em repor quotas e o PSD falou em compensações de quotas. Mas com o fim
das quotas não se regista nem uma situação nem outra.
É por isso que consideramos que é essencial a regularização dos preços, para impedir o dumping mas
também para garantir rendimentos aos produtores. São ainda necessários incentivos à restruturação das
explorações. E é urgente alterar as regras para o reconhecimento das organizações de produtores, para que
os pequenos produtores também se possam coordenar.
São estas preocupações e a necessidade destas ações concretas que orientam o voto do Bloco de
Esquerda.
As Deputadas e os Deputados do Bloco de Esquerda, Helena Pinto — Catarina Martins — Cecília Honório
— José Moura Soeiro — Luís Fazenda — Mariana Aiveca — Mariana Mortágua — Pedro Filipe Soares.
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