I SÉRIE — NÚMERO 81
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extintos, um verdadeiro drama para milhares e milhares de famílias, sobretudo para as pessoas que estão
desempregadas e que, mesmo assim, não têm acesso a qualquer apoio ou proteção social, porque até isso
este Governo foi capaz de lhes retirar.
Mas temos mais, Sr. Ministro: é que o novo emprego ou o pouco emprego criado é trabalho precário, sem
direitos e muito mal remunerado. Este Governo, para além de semear desemprego, está a procurar
institucionalizar a precariedade nas relações laborais.
Deixo aqui um exemplo, que, creio, é extensível a todo o País: mais de metade dos jovens trabalhadores
no distrito de Lisboa são trabalhadores precários, apesar de desempenharem funções permanentes.
Sr. Ministro, isto é o regabofe completo nas relações laborais. Aliás, a degradação das condições de
trabalho é uma realidade que o Governo não consegue esconder, faça o esforço que fizer.
Mais: até tem vindo a agravar-se pela quase inoperância da Autoridade para as Condições do Trabalho.
Num quadro de 500 inspetores, existem 308, mas, no terreno, trabalham apenas 230 a 240. Portanto, a
necessidade do reforço dos inspetores da ACT é absolutamente imperativa. Aliás, é o próprio Inspetor-Geral
que reconhece a necessidade de um reforço de 100 inspetores. As organizações de trabalhadores consideram
que são necessários muitos mais inspetores e muitos mais técnicos superiores.
Sr. Ministro, o que diz o Governo? O Governo diz que vai resolver o problema da ACT, com a abertura de
um concurso para 42 novos inspetores?! É assim que o Governo pretende resolver o problema?!
Já nem falo naquilo que as organizações de trabalhadores reclamam como justo para que a ACT possa ter
condições de trabalhar. Falo, pelo menos, do ponto de vista do Inspetor-Geral, que refere 100 inspetores.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
E o Governo quer resolver o problema com 40 novos inspetores?!
Era bom que o Sr. Ministro dissesse alguma coisa sobre este assunto.
A Sr.ª Presidente: — Tem, agora, a palavra ao Sr. Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança
Social.
O Sr. Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social: — Sr.ª Presidente, queria agradecer as
questões formuladas pelos Srs. Deputados Adão Silva, Isabel Santos, Cecília Meireles, Jorge Machado, José
Soeiro e José Luís Ferreira.
Permitam-me que comece por responder diretamente à bancada do Partido Socialista, à Sr.a Deputada
Isabel Santos, relembrando algo que me parece importante. Quando saíram os dados do desemprego do mês
de fevereiro, que eram superiores a 14%, a declaração do Partido Socialista foi a de que esse indicador era, e
passo a citar, «um doloroso desmentido das políticas do Governo».
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora bem!…
O Sr. Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social: — Sucede que o Instituto Nacional de
Estatística corrigiu esse dado, reviu esse dado em baixa.
Não deixo de achar espantoso que a bancada do Partido Socialista, quando há um indicador que não é
positivo, parece regozijar-se com esse indicador. Parece que considera boas notícias para o Partido Socialista
aquelas que são más notícias para o País…
Protestos do PS.
… e eu, Sr.ª Deputada Isabel Santos, considero isso, do ponto de vista de um partido com a
responsabilidade histórica do Partido Socialista, algo profundamente errado.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Muito bem!